segunda-feira, 19 de março de 2018

Post.it: o último dia de Inverno

Hoje o calendário diz que é o último dia de Inverno,  apesar de ter sido uma estação cheia de “personalidade”, deixa-nos certamente alguma incerteza, será que para o ano regressa?
Porque, admitamos,  nunca um inverno foi tão desejado, tão esperado, tão ansiado,  segundo sei, chegaram a fazer missas, procissões, e longas e fervorosas orações.
Queríamos que viesse, mesmo que isso implicasse trazer a “família” e os “ amigos” em forma de ventos, tempestades,  trovoadas. E assim ela trouxe a Ana que nos abanou logo no início do ano, depois o Bruno, mais suave mas bem presente, o David não faltou à festa e deixou breves memórias, quanto à Ema a ilha da Madeira não se esquece dela nos tempos mais próximos, já o Continente sentiu bem a estadia do Félix, a última visita deste Inverno foi a Gisele que não se fez rogada em gargalhadas de vento e longos abraços marítimos. As consequências foram variadas e mal nos deixava um, ainda mal recuperados, já outro nos entrava pela casa a dentro, abanando portas e janelas, criando inundações, partindo vidros, arrancando telhados, dando asas às árvores e ondas aos rios mais serenos.
Foi realmente um inverno inusitado, dizem os estudiosos destes fenómenos meteorológicos que o futuro estará repleto deles.
Mas apesar de todos os problemas que causou, precisávamos deste Inverno, talvez não tão acentuado, mas precisávamos dele para evitar a seca, para nos apagar os fogos da lembrança, da dor que o verão deixou neste país escuro de queimada e de mágoa. Mas precisávamos dele também para nos trazer a Primavera, para que as flores voltem a desabrochar, para que as andorinhas nos voltem a visitar, para que os ninhos voltem a ter ovos, para que as abelhas voltem a produzir mel que nos faça esquecer de todo o fel.
Hoje também é dia Do Pai, fez-me lembrar uma história que me contaram em  criança,  “O Inverno era um pai, por vezes com voz forte e autoritária, mas também oferecendo caricias de chuva. Que a Primavera era a sua esposa e a mãe da natureza, quanto aos filhos: Verão, sempre rebelde, rasgando as ondas com o seu sorriso e uma quente e eterna jovialidade; o Outono, mais atinado, calmo, obediente, dando ares do pai nos tons cinzentos do céu, mas também parecendo-se com a mãe na forma como acalenta as folhas caídas sobre o chão”.
Uma família como a nossa, em que cada um com as suas características, cumpre o seu papel. Agradecemos ao Inverno a tarefa árdua de “regar” este jardim que é a terra e desejamos que as outras estações venham também elas na sua faceta de dar continuidade à subsistência da vida neste Planeta, quanto a nós, também temos um importante papel, o de respeitar e conservar o  meio ambiente, que é o nosso lar.

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