sexta-feira, 23 de março de 2018

Port.it: Filas de trânsito

O trânsito está péssimo! Os combustíveis baixaram, o preço dos carros baixou, as cartas de condução baixaram, a crise “passou”. De repente tudo aumentou, a estatística dos acidentes, o número de carros em circulação, todos os membros da família na mesma casa passaram a ter carro, e que juntando ao seu carro ainda trás para casa o carro do serviço, os estacionamento diminuiu, as filas de trânsito aumentaram. “Levanto-me cada vez mais cedo, saio de casa muito antes do que antes saia e chego ao emprego cada vez mais tarde!”
 “Antigamente a fila de carros parecia apenas uma minhoca, agora são enormes serpentes”, comenta uma amiga.
Bem, do mal o menos, dá para ir apreciando a paisagem e de vez em quando para bisbilhotar os hábitos dos vizinhos de viagem, no carro vermelho ao lado (não se pode falar de marcas) 2 crianças dormem nas suas cadeirinhas, vão para o infantário, ou para a casa da avó? O veículo que está na faixa da esquerda fala sozinho e esbraceja, deve estar a falar para o telemóvel, hoje em dia já ninguém fala sozinho, há sempre um outro alguém do outro lado da linha.
À minha frente uma nuvem de fumo invade o habitáculo do veículo, por instantes assusto-me, mas depois percebo que é uma nuvem tabágica. O vizinho de trás vai bebendo um iogurte enquanto a mulher aproveita para fazer a maquilhagem que não teve tempo em casa. A fila anda um pouco e mudo de vizinhança, os da direita parecem estar a dormir de olhos abertos de tão estáticos que estão, o da esquerda debate-se com as andanças do seu cachorro dentro do veículo tentando a todo o custo passar para o volante fazendo as vezes do motorista, deve estar a pensar que quem sabe ele conduza mais depressa que o seu dono.
O sol brilha, uma quase raridade por estes dias de um inverno que nos tem chegado em versão condensada. Lá mais a diante no horizonte, um arco-íris com a beleza de todas as suas cores. Mas eis que de repente uma escuridão se aproxima, “vem lá chuva” dizem os olhares inquietos dos meus vizinhos. Quando atónica vejo uma nuvem pesada e grande que se vem aproximando devagar, desfilando graciosa, passa por mim no seu céu límpido e sem filas de trânsito para a minha frente. Alguém comenta, “Bolas até fui ultrapassada por uma nuvem”!

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