sexta-feira, 9 de junho de 2017

Post.it: O que vale a pena recordar

Ontem recebi um telefonema, era um convite  para uma missa pelo aniversário de falecimento de uma amiga, uma simpática amiga, uma generosa amiga, suave, gentil extremamente polida, uma pessoa de outra geração, infelizmente já não há pessoas assim. Foi uma geração profundamente enraizada nos valores, educada na estima e pelos outros e respeito por todos, independentemente de tudo os que nos separa de vivências, de fé e crenças, de origens, de cor de pele, de local do mundo. Era uma amiga especial, porque era tudo isto numa só pessoa em (quase) todos os momentos em que a conheci, sim, quase, porque ninguém é perfeito e nós peças de uma sociedade nem sempre nos encaixamos em todas as arestas, alguma ficam a faltar ou a sobrar, ou simplesmente não têm a mesma forma.
Mas já faleceu, partiu para a viagem ao infinito, tão infinito que não tem regresso, podem dizer que as saudades a tornaram mais ideal ao meu sentir, que a memória a vai suavizando e colorindo, talvez, porque não, merece-o. A sua relação com os outros justifica-o. Já faz 2 anos e neste tempo foi construindo uma nova história, repleta de si. Por isso me magoa este convite, não pela lembrança da data porque essa permanece-me presente, mas pelo facto de ser esta mais claramente lembrada com honras de celebração litúrgica. Prefiro mil vezes recordar desse modo o dia do seu aniversário, o dia em que nasceu e durante muitos anos passados e futuro é seu.
Ontem quando recebi o telefonema, parei o pensamento, suspendi o sentimento e fui como ela e por ela, cordial, sim claro vou tentar ir… 
Não sei se irei, sinto que lhe estão a roubar a (vida) do que era, para apenas recordar a dor da partida. Não quero que doa mais, não irei. No dia do seu aniversário irei até ao mar, lançarei uma flor, quem sabe lhe chegará…

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