segunda-feira, 6 de março de 2017

Post.it: Placebo

“Sempre tive muita imaginação e devido a isso sou uma pessoa feliz”. Eis uma frase que me disse muito, claro que para isso tive de usar a imaginação e tal como a autora dela, felizmente também tenho muita o que algumas vezes me tornou uma pessoa feliz.
Quando era criança, imaginava os brinquedos que não tinha e brincava com eles horas infinitas. Um dia resolvi levar a imaginação mais longe e imaginei que tinha os pais perfeitos e na minha imaginação, foram-no.
Como deu resultado, continuei a imaginar e imaginei a irmã perfeita, os amigos perfeitos, as relações perfeitas, os empregos perfeitos, os colegas perfeitos, os chefes perfeitos. E o meu mundo, era dentro da minha imaginação, perfeito, quase sólido, quase palpável e com algum, por vezes muito, esforço, quase verdadeiro.
No yoga aprendemos, com muita prática, que os pensamentos podem ser mudados, orientados e que o cérebro aprende a acreditar que são autênticos e por isso relaxa e envia mensagens de positividade ao corpo. Desaceleram-se as células, distendem-se os músculos, pacifica-se o coração.
E isso resolve? Não. E isso cura? Não. Mas tal como um placebo, atenua os efeitos do problema. Só é preciso acreditar que o placebo é afinal o medicamento certo. Que tem nele a dose certa de esperança, com uns pozinhos de ilusão, outros tantos de confiança ao qual se acrescentam alguns de expectativa e sobretudo muitos, mas muitos mesmo de ousadia e de desejo.
 Depois, temos que acreditar, acreditar bastante, diminuindo as nossas exigências, baixando o nosso índice critico. Aprendendo a aceitar sem recriminar. Cada um é como é. Só a nós podemos mudar para caber na imaginação dos outros, porque também eles querem, filhos perfeitos, pais perfeitos, amigos perfeitos, empregados perfeitos… 
No fundo tudo se resume à dose certa de imaginação, terreno fértil para as nossas verdades, jardins onde um dia colheremos, quem sabe, botões de felicidade.

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