segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Tecendo a rede

Toda a vida é morte,
Diz cozendo a rede o pescador.
Desencontrado da sorte,
Em cada encontro com a dor.

Morreu-me a infância,
Partiu-se-me a juventude.
E com elas toda a alegria,
E com elas toda a virtude.

Morreu-me a madrugada,
Onde me crescia o sonhar.
Partiu até a mulher amada,
Levando-lhe os filhos do lar.

Morreu-me cada dia,
Em que o mar roubava vidas.
Vestiu-me de penosa maresia,
Em luto de tantas despedidas.

Toda a vida é morte,
Anos, meses, dias, horas.
Que partem para o desnorte, 
Na rede em que me demoras.

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