sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Post.it: Solidão

O meu amanhecer é à noite, quando só as estrelas me olham e partilham comigo esse olhar de quem tem tempo para ficar, de quem tem tempo para brilhar. Então, a  lua parece sorrir-me, um sorriso de quem entende, um sorriso de quem se estende em neblinas de escuridão, em névoas de solidão.
A solidão, pobre palavra tão maltratada, tão dolorosamente magoada, porque dói, dizem. Porque mata, defendem. Mentira! Mentira, garanto-vos. Como é terna a solidão, quando o seu silêncio nos envolve no mais doce abraço.
Então o corpo dolente de tempos idos, deixa-se navegar nos pensamentos, longe, cada vez mais longe dos lamentos. Dando-se ao luxo de sentir. De se sentir invadido por uma paz conciliadora dos sentidos, como quando a alma e o espírito se casam e prometem ser felizes para sempre. 
Num para sempre, que dura… O que durar. Mas enquanto dura, permite-nos num vislumbre de felicidade, contemplar o infinito. Esse finito que agora, liberto dos limites do horizonte espraia-se para além do existir condensado em nós. E nós, os que reverenciam a noite como se nos fosse madrugada, tornamo-nos estrelas, solar de lua, luminosa escuridão e agradecemos cada sensação que só o silêncio, que só a solidão consegue ouvir com o coração…

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