quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Post.it: Sempre com eles

Viver significa caminhar em frente enquanto outros ficam para trás ou desencontram-se da nossa direcção. Ficam ou vão, nós prosseguimos sem eles, outras vezes com eles, na memória, no coração. 
Uns amamos, outros apenas pouco mais conhecemos que o rosto, o nome, desconhecemos a sua história, a sua experiência de vida, as suas alegrias, as suas tristezas, de onde vêm, como aqui chegaram, mas mesmo esses, ao partirem, doem-nos algures no corpo.
Como se de alguma forma fizessem parte de nós e fazem, fizeram-nos rir, chorar, escreveram ou representaram papeis que marcaram os nossos momentos, cruzaram-se com os nossos dias, na paragem do autocarro, no café, no cabeleireiro, eram a caixa do supermercado onde vamos todas as semanas, estavam na papelaria onde vamos buscar o jornal, na padaria onde compramos o pão, algures num ponto de intersecção do nosso caminho.
Amigos, colegas, professores, vizinhos, conhecidos, desconhecidos, todos, tantos… 
Doem-nos, talvez porque partem demasiado cedo ou porque já os “conhecemos” há tanto tempo que criaram raízes na nossa história. Talvez pela forma como lhes “roubam” a vida, porque deixam de ilustrar a rotina da cada manhã, de cada anoitecer ou no fundo, num inconfessado sentimento; doem-nos porque de alguma forma nos relembram da nossa própria precariedade.

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