sexta-feira, 12 de julho de 2013

Post.it: As palavras contam

As palavras contam. As palavras falam, não só no que dizem, não só no que escuta quem as recebe, quem as lê. Sobretudo porque transportam dentro de si uma história e um modo de ver o mundo.
E quando pensamos que já não há mais nada para dizer, elas dizem um pouco mais numa gota de esperança que faz renascer o sorriso, que faz vislumbrar uma primavera onde o rigor do inverno queria permanecer.
Por vezes temos medo das palavras, das que dizemos, das que calamos, das que ouvimos, das que lemos. Fazem-nos chorar por dentro porque por fora são outras as palavras que inventamos para apaziguar o momento.
Depois cresce um silêncio tão cheio de palavras sem sentido, como se fosse necessário rescreve-las no peito para elas voltarem a ser quem eram.
Hesitamos, esbarramos na dúvida: uma ponte para atravessar e seguir outro destino, uma ponte de aproximação, não sabemos se devemos calar as palavras, se engendrar outras novas, diferentes, que cheguem mais longe do que as anteriores.
Descobrimos que o problema não está nas palavras, que a questão não está no que elas dizem ou no que calam.
Então reconhecemos que é tempo de içar as velas e deixa-las navegar ao vento, deixa-las partir na maré, porque as palavras com que quisemos ancorar o coração já não encontram solo de vida onde se fundear. Há um novo horizonte de palavras à espera para serem oferecidas e certamente mares de maior bonança para as recolher.