quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Pegadas

A morte bateu-me à porta, abri.

Deixei-a entrar.

Sentou-se a meu lado.

Falámos da sua chegada.

Falámos da minha partida.

Chorámos juntas por outras vidas.

Todas as que já me roubaste.

Fizemos silêncio sem dizer uma à outra.

A saudade que de cada uma de nós ficaria.

Lembranças deixaremos algumas, talvez.

Mas isso que importa, se depois de ti.

Fecha-se a derradeira porta.

Espero que não fique nada.

Para que a ninguém eu doa.

Só a luz de quem tudo perdoa.

Dou-lhe a mão, caminhemos.

Por este último caminho.

Sem deixar pegadas.

Porque a alma me voa.



Sem comentários:

Enviar um comentário