sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Uma gota do olhar

 Ai se a gota de água, 

Que se solta do teu olhar.

Fosse a voz da calada mágoa,

Que cai no chão sem confessar.

De onde tão longe que veio,

Por que destino já andou.

Se era triste, se era feio,

O caminho que palmilhou.

Como pode a dor tão escura,

Como pode tão intimo sofrer.

Produzir com tamanha ternura,

Uma gota de água a resplandecer.

Como se fosse o sangue da alma,

Como se fosse pesada lembrança.

Que nos cura, que nos acalma,

E dá lugar a renovada esperança.

Seca-se a lágrima, não a dor,

Dizes num fio de voz.

Jardim de furtada flor,

E todas as outras ficam mais sós.

Era uma lágrima, uma lágrima sem valor,

Diz quem passa sem se deter.

Que sabem! Que sabem de mim?

Pergunta a gota transparente.

Sabem se sou o principio, se sou o fim,

De quem me recusa e recusando mente.



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