sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Post.it: Vamos ser melhores para melhorar

Chegou, instalou-se, senta-se à mesa connosco, deita-se connosco na cama. Passeia ao nosso lado, nós de rosto coberto por uma máscara, ele sorrindo, sem máscara, sem restrições. 

Nós mantendo-nos à distância dos outros, sem intimidade, sem afetos. Ele aproxima-se de nós, cola-se à nossa pele, entra-nos pela boca, narinas, viaja-nos pelo corpo, adoece-nos e nos casos mais graves sufoca-nos o ar, rouba-nos a vida. 

Tudo começou no princípio de 2020, pensámos que seria uma presença breve, obedecemos a todas as regras, aceitámos as restrições dos políticos, acreditámos nos médicos, confiámos nos cientistas, mas passado quase um ano depois, o cansaço tomou conta de nós, minou a nossa confiança, diminuiu a nossa esperança. 

Começamos a descrer nos políticos, sentimos que nos roubavam a liberdade e em troca não nos davam provas de que o nosso sacrifício trazia resultados positivos e concretos. Os médicos também cansados, também perdidos nos seus limites profissionais não nos dão soluções. Os cientistas traçam quadros cada vez mais catastróficos e nós que antes ficámos quietos, cresce-nos uma inquietação, um desejo de viver antes que a vida nos seja sonegada. 

A rebeldia é a manifestação do nosso cansaço, do nosso medo, do nosso desespero. Ficamos invadidos por ideias negativas, e se isto nunca mais acaba? E se nós não aguentamos? E se o pais entra em falência financeira? E se o mundo entra em colapso? Só temos uma certeza, o hoje, por isso quebramos as regras, vamos para a praia, vamos visitar a família, vamos abraçar os amigos, vamos respirar sem máscara, nem que seja só hoje, porque o amanhã é uma incógnita. 

Este é um lado da nossa maneira de ser, mas há o outro lado que nos faz levantar em cada manhã e lutar, fazemos da descrença a nossa crença e de cada dia que nasce a nossa esperança. Vamos vencer, ouvimo-nos a dizer, sentimo-nos a pensar, ou simplesmente a desejar, leve o tempo que levar. Enquanto houver políticos a tentar encontrar soluções, enquanto houver médicos a tentar curar-nos, enquanto houver cientistas a tentar descobrir uma forma de nos tornar imunes a este vírus, enquanto houver pessoas a trabalhar para que existam bens essenciais, enquanto houver vizinhos, amigos, familiares, desconhecidos que unidos numa distância segura se entreajudem. 

A humanidade é isso mesmo, cooperação, fraternidade, resistência. O futuro? É a certeza de cada dia, na coragem de cada hora, para tornarmos cada agora um caminho para o amanhã. Vamos derrotar o vírus com a nossa força, solidariedade e capacidade de subsistir. O vírus pode tapar-nos o sorriso, mas continuaremos a sorrir mesmo por detrás da máscara, porque somos cada um à sua maneira, sois de esperança que brilham e aquecem a vida.



Sem comentários:

Enviar um comentário