sexta-feira, 29 de maio de 2020

Post.it: Momentos quase zen


É difícil estarmos connosco, com os nossos pensamentos, com os nossos lamentos, com os nossos sonhos, com os nossos pesadelos, com as nossas preocupações, frustrações e medos. Precisamos fugir, escapar-nos de nós, mergulharmos num vácuo que nos faça sentir leves e livres. Nessa fuga entramos numa espécie de zen ocidental, esvaziamos os sentidos e deixamos simplesmente de sentir.
Depois dos computadores, os telemóveis são um escape, uma fuga para a frente, ou melhor para lugar algum, porque ficamos aqui com a sensação de estar ali, seja onde for, é indiferente, pode ser em qualquer parte do mundo. Deixamos o olhar perder-se em imagens que nos confortam, que nos animam, que parecendo ser o vazio nos enchem de serotonina, a hormona da felicidade.
É verdade, somos felizes, por ver sorrisos, por ver a contagiante alegria dos outros. Crianças a brincar ou a disparatar, cachorros oferecendo-nos gestos quase humanos de carinho, aventuras de quem ousa desafiar a lei da gravidade, ou apenas, mensagens que nos fazem sorrir por fora mesmo quando choramos por dentro.
Coisas importantes, coisas sem importância alguma. Que lembramos para o resto da vida ou que esquecemos no momento seguinte. Mas por breves minutos, por breves instantes, tivemos um encontro fortuito com a nossa paz individual.
Entretanto, a viagem no transporte público chega ao fim, está na hora de voltar à realidade, de voltar a nós…


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