sexta-feira, 5 de abril de 2019

Post.it: Juras de Primavera

Um dia jurei que nunca mais falaria de amor. Imbuída de um espírito, misto de desilusão e  fracasso. Numa argamassa que não se definia se devia  concluir-se em decepção ou esperança, porque deixava continuamente um rasto de nuvem no horizonte do azul celeste.
Um dia jurei que fecharia o coração a todo e qualquer sonho. Porque se tornava cada vez mais doloroso o acordar e ser arrancada precocemente desse mundo de fantasia. Um dia jurei, que viver seria apenas o somar dos dias e adormecer o corpo cansado sobre os lençóis da noite. Mas, reconheço que não sou grande cumpridora das minhas promessas.
Porque é impossível viver sem amor. Basta abrir os olhos e receber a beleza que nos oferece cada quadro da natureza.
A Primavera, de renascimento e esperança, dá-nos o perfeito exemplo de perseverança, quando no meio mais adverso, desponta a frágil papoila, no seu vermelho imponente que não deixa indiferente a quem por ela passa.
O Verão, quando o sol abre o seu mais radiante sorriso e a sua luminosidade penetra no mais recôndito esconderijo de um peito magoado e o aquece com o seu abraço.
 Ou o Outono que nos embala e desenha no chão um manto de folhas para atenuar a dor da caminhada.
E o Inverno, que com o seu frio, oferece-nos deliciosas alternativas de aconchego, uma lareira que nos reconcilia as dissonâncias, roupas macias que nos confortam a alma. Como não falar de amor. Como não sentir o amor a vibrar em cada recanto do caminho? 
Quando partem de nós, o amor permanece, magoado, é bem verdade. Com saudades, é inevitável, mas florescente porque o coração ainda palpita dentro do peito. Afinal o amor não é o outro que o dá e o  leva consigo ao partir. O amor está em nós, quando o partilhamos e oferecemos, com a alma plena, como se fosse uma fonte inesgotável.


Sem comentários:

Enviar um comentário