segunda-feira, 22 de abril de 2019

Post.it: Dia da terra

Hoje é dia da terra, esta terra que nos recebe, que nos abraça, que nos embala, que nos faz viver e de vez em quando, sobreviver. Por que há momentos em que também ela se zanga. E nessa altura, abana-nos, derrama sobre nós o seu infinito fôlego e os seus ventos tornam-se ciclónicos.
Como uma mãe a quem, nós filhos, desobedecemos, ergue a voz e reclama as suas seculares razões, porque as tem e nós muitas vezes esquecemos-nos de respeitar as suas leis. Então as suas lágrimas tornam-se rios que transbordam as margens, que derrubam árvores, que levam tudo por diante, arrastam casas, arrasam vidas. E nós assustados com a sua dor, mitigamos uma estranha orfandade.
Depois, quando a tranquilidade regressa, quando começamos a caminhar sobre os escombros de tanta mágoa, lamentamos a sua, choramos a nossa.
Todos os dias deviam ser dias da terra, para cuidarmos dela como ela cuida de nós. Enchemo-la de poluição e ela continua a florir, enchemos de lixo os seus rios e mares e eles continuam a navegar. Queimamos as árvores e elas continuam a renascer, destruímos o seu solo e ele continua a desabrochar.
Não somos os melhores filhos mas ela continua a ser uma boa mãe. Porque a terra, na sua infinita bondade ainda acredita que nós um dia cuidaremos dela como se cuida de uma mãe idosa que precisa do nosso amparo, que precisa da nossa gratidão. 
Hoje é dia da terra, que seja o primeiro de muitos, não só para o celebrar mas para lhe deixar em cada momento o nosso reconhecimento.


Sem comentários:

Enviar um comentário