segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Post.it: As palavras despem-se

“Não devemos levar as palavras demasiado a sério, o mais verdadeiro  acontece no silêncio quando as palavras se calam”. É aí que tudo acontece,  é nesse momento que  aflora o sentir, é nesse instante que se vencem as barreiras ludibriantes de uma realidade construída por palavras. São elas que nos seduzem, são elas que nos conduzem por onde querem e nós, incapazes de conter a força dessas águas, deixamo-nos ir, acreditando, sonhando.
As palavras são roupas, despem-se quando é oportuno, depois de nos vestirem de ilusões, depois de nos desenharem uma verdade que não é a nossa.
As palavras despem-nos depois de nos enfeitiçarem, de nos levarem a ir por onde não queremos ir, mas que por elas, acreditamos piamente que é esse o verdadeiro e único caminho.
Mas não culpemos as palavras dos outros, porque muitas vezes são as nossas próprias palavras que nos mentem, que nos fazem acreditar numa realidade que não é a concreta. Tentam conduzir-nos os pensamentos, tentam controlar-nos os sentimentos, contam-nos histórias, dizem-se nossas amigas, solidárias com as nossas mágoas.
Num dado momento, percebemos que as palavras são dissonantes do que somos, do que queremos, então, está na hora de calar as palavras, tapar os ouvidos, escutar mais o nosso sentir, é preciso encontrar a nossa força antes que as palavras (amigas) nos roubem a essência do que somos. 
É preciso olhar o mundo no que tem de sólido e verdadeiro, aprendermos com as árvores a ser raízes de consistência de resistência e não nos deixarmos iludir pela beleza dos castelos de areia.


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