segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Post.it: Depende...

As pessoas não nos decepcionam, nós é que nos iludimos acerca delas. Elas são o que são, não o que precisamos que sejam.
Somos uma multidão, uma civilização de pessoas, de mundos, um universo de existências, vivemos através dos nossos crivos culturais que nos identificam e distinguem, que nos tornam diferentes, únicos.
Sabemos isso, mas a verdade é que aqui e ali tentamos moldar os outros à nossa forma. Ou deixamos que nos moldem pelos meandros da ternura, sonhamos, idealizamos que essa alteração nos torna melhores e simultaneamente, complementares e completos.
Reconhecemos os contornos das margens que os especificam, identificamo-los como se nos fossem caminhos com trilhos que devemos evitar, mas também com outros por onde nos sentimos felizes por seguir.
No entanto, nem isso é totalmente exacto, somos seres complexos, intrincados de dor e de esperança, pessoas crescidas com sonhos de criança.
Porque há dias em que o céu nos escurece o olhar, nos tira o sorriso, nos rouba as palavras, nos usurpa o alento. Dias de nevoeiro e tudo o que nos acontece com os outros é tenso, é denso, parece que uma tempestade pode nascer de “um copo de água” que se entorna e de repente não nos conhecemos em nós nem nos outros.
Porque há dias em que se tivéssemos asas voaríamos por tanta leveza, tanta luminosidade que nos avassala o coração e nos faz acreditar que seres excepcionais, maravilhosos, que nos levam à lua apenas e só por se sentarem ao nosso lado, segurarem as nossas mães e dizerem que está tudo bem. 
Mas quantas vezes nos encontramos perdidos na multidão, sufocando de solidão. Quantas vezes nos sentimos tão acompanhados só por nós. Não por sermos perfeitos, não por sermos melhores, afinal também o nosso, eu,  por vezes, consegue decepcionar-nos, a diferença é que  apesar  de errarmos, da revolta, do diálogo exacerbado, do silêncio abismal das nossas guerras internas, sabemos, que estaremos sempre ali, presentes para o resto das nossas vidas. Quanto aos outros, nunca o saberemos,  talvez sim, talvez não, depende…

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