segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Post.it: Na minha pele

Eu, dentro de mim, deste corpo que é o meu. Eu, por baixo desta pele, desta carne, gordura, músculos, ossos.
Eu, por entre órgãos que vão cumprindo a sua função, como uma fábrica de funcionários, uns melhores que outros, uns mais lentos outros mais rápidos por despachar o trabalho e ir para casa no final do dia, dormir e sonhar.
Eu, por entre a realidade e a fantasia de cada noite e por vezes de cada dia. Eu, coberta de esperança, de espectativas, de metas, de desejos que se vão perdendo pelo caminho feito de tempo, de alegria  e de mágoa.
Eu, levando cada pé a tornar-se passo e cada passo a transformar-se em espaço, daqui para ali, para a frente e para trás, para longe ou para perto.
Eu, apenas célula, tão pequenina, tão insignificante, quase invisível, resquício, migalha, um quase nada de mundo e no entanto vida, ar impulso, construção, decisão, riso e lágrima.
Eu, dentro de mim, universo de constelações moleculares, átomos de energia anímica. Tudo, tanto, e no entanto, apenas um quase nada deste Eu, dentro de mim.



Sem comentários:

Enviar um comentário