sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Post.it: Absolutos

Há dias que são… com os descrever? Absolutos!

Dias que nos são inteiros, que nos preenchem, que nos são bons, quase perfeitos e, só não o são porque nós, humanos, achamos que a perfeição é algo que está sempre mais além, que nunca a conheceremos, por isso, mesmo quando nos cruzamos com ela, não a reconhecemos, e continuamos com o nosso olhar sempre no longínquo.
Mas mesmo assim, reconhecemos esse dia, respiramo-lo com calma, devagar, com prazer, como quem prolonga até ao infinito aquele sopro de ar em forma de suspiro. Não, não é saudade, não é tristeza, é um suspiro de gratidão à vida e se não for na sua totalidade, até porque há dias bons e maus, agradecemos este dia, que nos é absoluto.
Sentimo-nos vivos, como se todas as células do corpo despertassem e corressem em plena alegria para uma festa estival. Há como que primaveras a despontar e cada recanto da alma. Nesse dia que se for inverno nos surgirá radiante de azul imáculo de nuvens. Mas se for verão, haverá nele uma brisa de outono para limpar as folhas secas e já sem função do nosso pensamento.
Quando o lusco-fusco se aproxima, recebemo-lo de sorriso aberto, porque o entardecer não é triste, este é um entardecer que rima com enternecer como se tivesse braços estendendo-se para carinhosos abraços do quase noite.
Porque nesse dia, até  a noite é perfeita, na sua luminosidade, no seu manto aconchegante de estrelas, no seu luar, no seu reflexo espelhado no mar, no cais onde adormecem os barcos, no leito onde a tranquilidade tem sabor de vitória e o prémio é a leveza de um sonho que nos faz voar em mundo onde o absoluto acontece todos os dias. Quando a realidade nos despertar, sorrimos, talvez o hoje não seja tão absolutamente belo como ontem, mas tem a singularidade de ser a ponte por onde passamos para o acordar de todos os amanhãs.




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