sexta-feira, 17 de junho de 2016

post.it: Ser como tu

Quem me dera ser como tu, penso nisto desde que te conheço, como tu a quem tudo acontece, tudo o que te poderia roubar a felicidade, apagar o sorriso, afogar o olhar, mas não, tudo te ergue mais forte, mais serena. Como se cada tempestade, fosse apenas o caminho impulsivo para chegar mais longe. E chegas, chegas sempre, com a mesma e sempre renovada placidez.
 Invejo-te, e temo a minha inveja, não quero ter semelhante destino, mas ambiciono por similar coragem. Onde, pergunto-me, pergunto-te, onde vais buscar tanto ânimo, tamanha bravura, para arregaçar as mangas e revelar uns braços sem músculos, com nódoas negras, que não doem, “já não doem”, mas contam histórias, “foi quando evitei a queda de alguém que me é muito querido”. Foram dores, que nem chegaram a doer, porque evitaram outras maiores.
Como consegues, recomeçar cada manhã? Adormecer em cada noite?
“Sendo mais forte que a minha maior desculpa”
E os anos, sim os anos, que levam anos a passar, pesados, demasiado para tão fraca estrutura humana, como consegues trazê-los a cada hoje, sem formares rios, sem te afogares nos teus mares?
"Aprende-se, aprende-se tudo, até a condensar numa só gota, todas as lágrimas do oceano".
Não lhe pergunto mais nada, embora, queira ainda, tudo aprender. 
Quem me dera ser como tu, dar valor às coisas pequenas e boas,  desvalorizando as grandes e difíceis de superar.

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