sexta-feira, 13 de maio de 2016

Post.it: Saudade

“Saudade é um sentimento que quando não cabe no peito escorre pelos olhos”
Um dia li esta frase, e guardei-a algures na memória, algures no peito. Um dia encontrei-a no olhar de alguém e em vez de chorar com ela, ri-me, senti-me feliz por ela. 
Afinal chorava por toda felicidade que já conhecera e não por estar triste, nem por mágoa ou revolta. De repente, não partilhámos lágrimas mas a leveza do riso. 
Contou-me a sua história e eu guardei-a comigo, como quem guarda um amigo. Revelou-me cada saudade que lhe inundara o peito e transbordara pelos olhos, e eu ouvi em  quase invejoso silêncio. 
O sol já se tinha deitado, a lua já espreitava, céu já se cobria com um manto sonolento, a primeira estrela cintilava qual menina traquina ansiosa por ir brincar e, eu escutava. Escutava cada gota da água que lhe caia dos olhos em notas de melodiosa sinfonia de sentimentos, aqui e ali mais esvoaçantes, aqui e ali mais pesarosos. 
O que me prendeu não foi a sua história mas a forma como foi contada, a vontade de ser mundo e a humildade de se sentir apenas um grão de mostarda. Nesse aparentemente nada que no entanto torna o tudo mais completo. 
Enquanto falava sorria, sorria sempre como se cada momento tivesse sido belo, quase sublime. Não me contive, impetuosa, descrente, perguntei-lhe… “- Mas foi sempre feliz, de tudo guarda saudade?”.
 “– Sim sempre fui feliz e a saudade é a maior prova de que o passado valeu a pena”.


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