sexta-feira, 15 de abril de 2016

Post.it: Relações

Quando olhamos para lá do olhar. Quando ouvimos para lá das palavras. Quando sentimos mesmo que à margem do toque. Quando compreendemos para lá da frase. Quando inspiramos a tristeza calada. Quando devolvemos a dor curada. Quando somos nós para os outros. Quando sentimos os outros em nós. 
 Somos por fim vida, plena, inteira, cumprida, vivida, sem fugas, suplantando medos, abrindo o peito aos perigos e vencendo-os. Nem sempre é fácil, por vezes é mesmo muito difícil. É preciso fazer silêncio, quando por dentro tudo nos grita tempestades que nos naufragam os sonhos. 
Mas também há faróis, jangadas de esperança desbravando caminhos marítimos nos nossos desertos de ânimo. Porque as forças humanas se revelam nos momentos certos sobre humana, e o animal feroz que nos quer devorar, lambe-nos a feridas, aconchega-nos do frio. 
Somos nós células que nos percorrem com pressa simplesmente de fazer a cíclica viagem, porque não há saída. E mesmo assim, não há repetição, cada caminho, sempre o mesmo, aparentemente igual é eternamente diferente. 
Porque o olhar olhou, porque as palavras ganharam sentido, porque o toque, sem tocar sentiu-se tocado. Porque cada frase criou o diálogo. Porque a tristeza se alegrou e a dor saiu definitivamente de cada molécula magoada. 
Assim se estabelece uma relação: de amizade, de amor, ou do simples desconhecido que se torna agora conhecido.

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