quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Post.it: Anestesia

Uma espécie de sono involuntário. Quando nos dizem “conte até 10”, mas só até ao 2 deve bastar. Depois o nada, o vazio, o infinito do espaço, o eterno do tempo. De repente, “roubam-nos um momento de vida, porque ficamos ali inertes, sem possibilidade de animicamente o viver.
“E se não acordar?” perguntam-me. (Maravilha das maravilhas), penso sem verbalizar. Ficar para sempre a sonhar e ninguém saber que sonho, sem o interromper. “Mas e o que fica por dizer, e o que fica por fazer?”. Se não se disse em algum momento, se não se fez em altura alguma, então,  não era para dizer, não era para fazer, nem que nos fosse permitido viver mais 100 anos.
E, confesso, é tão bom ficar anestesiada, nada sentir, nem dor, nem mágoa, nem alegria, nem tristeza.
Mas e se acordar? Se voltar à realidade sem sonhos concretizados? Aos dias de chuva que me inundam o coração? Às noites sem luar que me escurecem os pensamentos? Posso pedir mais um pouco de anestesia? Posso voar mais um pouco? Posso fugir? Posso lá ficar sem ter de regressar?
E o que fica por dizer, e o que fica por fazer? Ora, depois penso nisso. Tenho tempo. Quando voltar. Quando acordar. Quando deixar de sonhar, de acreditar.
Agora, feche os olhos e conte.
 1, 2, 3…

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