terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Post.it: Estive sempre lá


Estamos em Dezembro, o ano aproxima-se do seu términos, desejamos este fim pela esperança de um recomeço para o próximo ano, desejamos que não acabe, quando ainda falta tanta coisa para fazer neste ano. No entretanto, algures entre a espera do sono e o começo do sonho pensamos…
Talvez tenha sido curto o tempo, é sempre pouco para aquilo que gostamos. Então reclamamos, queremos mais, queremos repetir. Queremos voltar a sentir. Que o tempo regresse ao passado, que o passado seja novamente presente e o futuro a sua eterna reprodução. Queremos existir de novo, voltar a estar nesse lugar, com essa pessoa. Mas as primaveras partem, logo, logo chega o inverno com tal ansiedade de que ele nos seja leve e rápido nem sentimos que pelo meio floresceram outras estações. Estações de mar, de céu azul, de sol luminoso. Estações de despedida para que a natureza renasça,  onde os dias cheiram a erva cortada rente, a folhas secas são levadas pelo vento. Temos tanta pressa de chegar a esse lugar algures no desconhecido, que, quando nos cruzamos com ele, não o reconhecemos. Na verdade, não estamos prontos para lhe dar as boas-vindas, para o acompanhar. As marés partem, os dias adormecem, os luares suspiram por reencontros que rapidamente ofuscam a madrugada. 
De repente, cresce-nos no peito uma ausência, um vácuo de sonhos que nos esquecemos de sonhar enquanto construíamos outros para momentos perdidos no horizonte. Questionamos os anos, questionamos a nossa história, questionamos o que somos desencontrados do que queríamos ser. A mágoa enche-nos o peito, afoga-nos os sentidos. E no instante exacto em que a felicidade nos quer fugir, estendemos o braço, circundamo-la num abraço. Não é verdade que tudo tenha sido mau, triste, fugidio, não é verdade que colecionámos fracassos, temos alguns, muitos, sucessos, tantas e tantas razões para perceber que ela esteve, quase sempre presente e que nós, que eu ao longo do meu viver “existi nos melhores momentos que pude”.

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