segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Lágrimas

“As lágrimas lavam os olhos e limpam a alma!”
Um ditado, como tantos outros. 
Às vezes verdade outras nem tanto.
As lágrimas deixam os olhos salgados
Vermelhos, inchados
Ardidos e doridos pelas lágrimas que os lavaram.

E a alma?
Liberta-se só por um momento!
Uma lágrima chama outra e outra e outra
Tantas, tantas !
Um pranto de profunda dor
que deixa cair em lágrimas
os gritos que não pode gritar
as revoltas que minam e tem de calar.
os segredos que doem e não pode contar.

E a alma?
Fica limpa de tanto chorar?
Deixa cair a dor em pingos de sal a rolar
Mas não limpa, esvazia!
Porque são gotas de esperança a fugir
que deixam a alma pequena e a fazem mirrar.

E quando o pranto se cansa e se esgota o chorar
Secam-se as lágrimas e fica apenas o sal 
Tornam-se mágoas com arestas de cristal
Que se escondem e fingem sarar
Mas rasgam, cortam e abrem feridas que nunca vão fechar.
As lágrimas não aliviam nem curam
Só cansam os olhos
Estalam a pele
E nem impedem o coração de estoirar!