segunda-feira, 28 de novembro de 2022

A velha senhora

Já foi jovem, cheia de vivacidade, conheceu a vida e a vaidade.

Já teve a pele esticada. Já amou e foi amada.

Com cabelos cheios de sol luzidio, onde a neve um dia caiu.

Teve rios no olhar, foram tantos, ninguém os viu.

As mãos cheias de calor, o coração repleto de amor.

Pariu filhos, ensinou-os a crescer, partiram, deixou de os ter.

Ofereceram-lhe flores, algumas com duros espinhos.

Pintou doces sonhos, palmilhou áridos caminhos.

Chata, rabugenta, cada vez com menos memória.

Por vezes triste, cada vez com menos história.

Agora chamam-lhe a velha senhora.

Enxotam-na da vida, indicam-lhe a estrada a fora.

Não que tenha feito algo de errado.

Mas é para cada um o espelho do futuro reservado.

 




 

Sem comentários:

Enviar um comentário