Amizade,
mais que uma palavra, mais que um conceito, mais que um sentimento, amizade é
uma forma de estar com os outros.
Neste
momento tão particular, tão solitário, tão desolador, tão isolador que tem sido
o tempo de pandemia, a amizade ganha contornos mais marcantes, adquire raízes
mais profundas e une o que tudo o resto separa. A amizade é um privilégio, é
uma necessidade sociológica. Mas nem sempre foi assim...
Já os
gregos falavam de amizade definindo-a como um sentimento de amor, aquele que
sentimos pelos verdadeiros amigos, um amor que não prende, que não limita, que
confere autonomia e que nasce da livre escolha.
No entanto a amizade uma
característica da era moderna, nasce numa sociedade atual, que se quer livre.
Aristóteles já falava
dessa liberdade, dessa relação sem compromisso. Mas durante muito tempo, a
amizade, era reservada às classes superiores, enquanto as classes menos
favorecidas, sem tempo para momentos de lazer, encontravam no seio familiar algo
semelhante a essa ligação.
Até meados do século XX a maior parte da população
não tinha amigos. Talvez por isso tenha sido surpreendente o resultado de um
estudo alemão, realizado em 2019 que revelou que 85% dos inquiridos respondeu que
não havia nada de mais importante que um bom amigo, em segundo lugar com 81%
vinha “cuidar da família”, a amizade era
assim uma prioridade. Em 2020 essa prioridade tornou-se uma necessidade.
Em
plena crise pandémica, em período de confinamento, os amigos foram a nossa
janela aberta, o nosso arco-íris de esperança, porque sabíamos que do outro
lado alguém estava lá para nós tal como nós para os outros.
Nas grandes cidades
ou nas aldeias mais remotas, tiram-se os smartphones das caixas onde tinham
ficado guardados depois de oferecidos por filhos ou netos e ligando-os ouviam-se
vozes amigas que entravam em cada casa como um sol que rompe as nuvens
cinzentas do inverno. Estávamos em março, mas cada palavra, transportava o
calor quente de agosto.
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