sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Post.it: Cansaço pandémico

Sentimo-nos cada vez mais cansados, frustrados, já não podemos ouvir falar no Covid-19. Começamos a pôr todas as medidas em causa,  a utilidade da máscara ou do distanciamento social. Será que evitam realmente o risco de contágio?
Questionamo-nos sobre se se deve ou não manter os sacrifícios exigidos pelos decisores públicos, que limitam a nossa liberdade, em particular porque não vimos resultados promissores nas medidas implementadas para conter a pandemia. Somos um grupo crescente que trava uma dura batalha que não é apenas contra o vírus, mas igualmente contra o desespero, a exaustão e o ressentimentos que se começa a instalar face a restrições cada vez mais apertadas.
Quando o novo coronavírus se começou a disseminar por todo o mundo na passada Primavera, foram muitas as pessoas da generalidade dos países afetados que cancelaram casamentos e férias, deixaram de visitar os seus familiares idosos e fecharam-se em casa com a ideia de que este período de isolamento, apesar de necessário, seria breve. Havia aplausos nas varandas onde se cantava ou tocava algum instrumento, mãos costuraram máscaras, gerou-se um sentimento de solidariedade global.
Durante o Verão, com o calor, a população revelou uma tendência crescente para relaxar perante os perigos do vírus, e fosse por desejo ou necessidade, muitas pessoas optaram por gozar as suas férias e regressaram ao convívio com familiares e amigos, preparando-se para o regresso ao trabalho e às escolas numa aparente tentativa de resgatar, além  a sua rotina normal e as economias.
Mas eis-nos chegados ao Outono, a esperança e união que ajudaram as pessoas a suportar um dos mais atípicos momentos das suas vidas, começam a dar lugar a sentimentos de exaustão e frustração.
Instalou-se a discórdia, os líderes nacionais e locais não se entendem, os grupos empresariais emitem avisos sobre a possibilidade de indústrias inteiras poderem entrar em colapso se as restrições forem prolongadas, multiplicam-se os protestos nas ruas, sendo que muito deste ceticismo público está a ser alimentado por promessas de “vitória” que vemos não concretizada. Talvez a indicação mais reveladora de as pessoas estarem confusas, frustradas, desesperadas e no ponto limite de obedecerem a orientações ou “ordens” resida no facto de o número de casos estar a aumentar muito rapidamente.
Na Europa, como sabemos, as infeções estão a aumentar de uma forma descontrolada, bem como o número de hospitalizações e óbitos.
Colapso, começou a ser a palavra generalizada, os hospitais estão sobrecarregados, as empresas colapsam, as pessoas entram pouco a pouco num colapso social, financeiro e psicológico. A este sentimento juntou-se a “revolta” este fenómeno de está a ser de tão rápido contágio que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS), chamou a atenção para este fenómeno de “Fadiga da Pandemia. Caracterizada pela desmotivação para obedecer a comportamentos de proteção recomendados e, igualmente pelo descrédito na informação sobre o vírus, menor preocupação com os riscos e menos disponibilidade para atentar aos comportamentos aconselhados.
Mas o que nos torna diferentes dos países que tiveram melhores resultados para combater pandemia?. A adaptabilidade cultural, parece ser a resposta, o fato de os países com um sentimento mais comunitário terem uma resposta mais rápida e eficaz, uma vez que os seus cidadãos têm maior probabilidade de cumprir as práticas de distanciamento social e de higiene que ajudam a reduzir a propagação. Por seu turno, nos países com uma cultura mais individualista demonstram ter mais resistência ao cumprimentos destas práticas.
A verdade é que estamos perante um novo e crucial desafio: convencer as pessoas de que, e mais uma vez, a responsabilidade de abrandar a propagação do vírus não é apenas das autoridades competentes, mas reside sobretudo nos comportamentos de cada um e de todos, sob pena de esta segunda vaga ser incontrolável.
O cansaço, a revolta, o medo, é generalizado. A luta prolonga-se sem uma previsão de final. Para minimizar e suplantar, talvez tenhamos de trocar as liberdades civis por melhores condições de saúde pública. Além disso, pensemos um pouco.
De que nos serve a liberdade sem vida?



Sem comentários:

Enviar um comentário