sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Post.it: Todos nascemos pássaros


Quando nascemos temos asas, com leves plumagens e corpos pequenos. Aconchegados no ninho damos os primeiros passos, espreitamos timidamente esse mundo que nos enche de vertiginoso receio. De vez em quando esticamos as asas, ensaiamos pequenos voos sem sair do lugar, sem nos conseguirmos elevar. Mas com tempo, com coragem, com o incentivo dos pais, continuamos a tentar e um dia, um grande dia, voamos. 

Saímos do ninho, viajamos pelo desconhecido e se tudo correr bem, amanhã vamos mais longe. Mas hoje voltamos para o ninho, cansados de tão empolgados. Ansiosos que o sol renasça, que o dia amanheça, que o vento sopre e nos leve à descoberta de novos horizontes.

O tempo passa e os voos tornaram-se cansativos, as asas ficaram pequenas para o nosso peso, já não nos elevam, já não nos permitem tocar as nuvens. Mas há quem continue a voar, a voar alto. Rio-me deles, crédulos Ícaros que querem tocar o sol com asas de cera. Também eles um dia vão descer à terra e permanecer nela com passos pesados. 


Entretanto, digo-lhes que voem, que abram as asas e sigam o seu caminho. Voem antes que lhes cortem as asas que os expulsem do ninho e os coloquem numa gaiola aprisionando-lhes o pensamento.

Quando crescemos continuamos a ter asas, invisíveis é verdade, mas se tentarmos, se arriscarmos, se acreditarmos, ainda conseguimos voar, nos nossos sonhos.

Porque quem sonha é livre e quem tem esperança de chegar mais além há de sempre voar para lá de todas as fronteiras.



Sem comentários:

Enviar um comentário