sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Post.it: A beleza das coisas

As coisas que não existem são as mais bonitas, disseram-me um dia. 
Duvidei, retorqui que a beleza estava no valor que damos ao apreciar o que existe.
Parecia-me lógico, concreto, tudo o resto era absurdo, inusitado, inconcebível. 


Era demasiado nova para entender o poder da fantasia, dos ideais, dos sonhos, da esperança. 

O caminho que eles fazem em nós, dando-nos fé, força e coragem ou apenas enchendo de uma nova luz os nossos dias mais escuros. Pintando de cores mais vivas a palidez do nosso olhar.

Por vezes é preciso sair de nós, bater asas e voar rasgando o horizonte da lógica que nos prende pesadamente à dureza do chão, para ver, para sentir algo mais do que a realidade concreta em que vivemos e de são feitos os nossos dias.

Quando somos jovens só vemos o corpóreo, o palpável, também voamos, mas os nossos voos vão apenas até onde a nossa visão alcança, ainda não sabemos ver com os olhos do coração.

Se não acreditássemos na beleza do que não existe, não poderíamos pintar novos quadros, esculpir novas esculturas, escrever novos livros, compor novas músicas, conceber novas formas de arte, inventar novas tecnologias, descobrir novas formas de curar, porque, sim, é verdade até a medicina é das coisas mais belas porque está ligada à vida e nada é mais belo que a vida nas suas diversas manifestações.

O que existe é tão pouco perante um universo de possibilidades, do que pudemos fazer, do que pode milagrosamente nascer do nada e ter a beleza mais pura que o nosso modo de ser e de sentir pode conceber.



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