segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Post.it: Somos diferentes


Sempre achei que éramos iguais, acreditava no senso-comum. Que a única diferença entre nós humanos residia no género, masculino ou feminino, apesar de agora se falar de outros géneros, não vou discutir a questão. Dizia-se em tom de brincadeira citando o título de um livro que os homens eram de Marte e as mulheres de Vénus, daí as diferenças planetárias de maneiras de ser e estar na vida. Mas o tempo foi-me ensinando que as diferenças vão muito além do género, das fronteiras, da fé, da cultura, do meio social, das gerações. Que as diferenças são raízes que crescem em nós e nos separam, há quem goste de orgulhosamente preferir dizer que nos individualizam, que nos caracterizam, mas a verdade é que nos afastam, que criam mares onde não chegam pontes.
Sempre achei que éramos iguais, mesmo quando debatíamos horas infinitas a mesma questão nos seus diversos pontos de vistas,  quando tu vias o copo meio vazio e eu sempre o via meio cheio. Não éramos diferentes, partíamos de premissas distintas, seguíamos por caminhos díspares mas chegávamos sempre ao mesmo ponto de encontro. E isso, descansava-me.
Claro que me cansava a discussão, para te revelar o meu ponto de vista, para tentar perceber o teu, mas sabia que chegaríamos à mesma meta fosse qual fosse a rota seguida, o argumento mais ou menos eloquente.
Havia, diálogo e por diálogo, entenda-se eram duas pessoas a falar ainda que com argumentos diferentes, sobre um mesmo assunto. E sobretudo, quando diálogo era falar mas também saber escutar e entender o que o outro dizia.
Sempre achei que éramos iguais, mas afinal, somos todos diferentes. Talvez a única coisa que nos torna semelhantes é querermos todos o mesmo: sermos felizes. E  lutarmos por isso, mas com “armas” diferentes.
Essa diferença, de repente, “torna-nos, tão sós, cada vez mais sós, fechados no nosso mundo, longe de todos, mas com a sensação errónea de que tudo nos está perto, quase ao toque da nossa mão estendida.”
Mas, não perdi a esperança de encontrar o nosso ponto análogo, por pequeno que seja, que seja  um principio, um começo, uma descoberta, um olhar simultâneo, um sorriso partilhado, um simples, o mais pequeno, o mais ínfimo encontro no caminho que um dia, quem sabe nos seja comum.




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