sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Post-it: Ideais


Somos humanos incompletos, sempre em mudança, em construção.  Faz parte de nós esta insatisfação que nos faz procurar, descobrir, crescer. Temos sonhos, esperanças, ou seja ideais. Olhamos para o lado e sempre essa visão, talvez por nos ser exterior, nos parece melhor do que a nossa realidade.
 Queremos  a família ideal, os amigos ideais, a escola, os professores, os vizinhos, crescemos e começamos a delinear as relações afectivas ideais, os empregos ideais, os chefes, os colegas. O cônjuge ideal, os filhos, o futuro dos filhos, dos netos e do seu crescimento.
 Os nossos ideais vão diminuindo, começamos a idealizar pouco mais que a saúde ideal, dizem que isso é sinónimos de maturidade, mas pressinto que é também de  desilusão. Quando nos confrontamos com o passar da nossa já longa caminhada e constatamos que poucos ou nenhuns foram os ideais concretizados. Conformamos-nos, mas preferimos afirmar que simplesmente percebemos que a nossa felicidade não está nesses ideais mas na valorização da realidade vivenciada, fica bonito dizer isto, torna-se difícil senti-lo. É arrancar do peito anos e anos de planos, de um caminho que fizemos nessa direcção.
 Atrevemos-nos a idealizar, somos humanos, parar de sonhar, de ter esperança, de acreditar, de ter fé em algo melhor, é morrer antes da morte nos levar consigo. Por isso mesmo que baixinho, quase em silêncio, ainda aspiramos a um futuro sem data marcada, que nos seja solarengo de esperança, que nos encha de primaveril inspiração, que nos faça voar nem que seja apenas em pensamento e que se tivermos que pousar pesadamente despertando de mais um ideal fracassado então que seja sobre uma montanha de nuvens.


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