segunda-feira, 22 de julho de 2019

Post.it: Estranha pessoa

Estranha pessoa eu, neste diálogo interior. Estranha pessoa, porque estou aqui e não me sinto aqui enquanto eu. 

Poderia ser outra pessoa, deveria, queria, desejaria, precisava… 
Não por um mero capricho como quem quer ter aquele brinquedo, ter o corpo elegante daquele modelo ou ainda ter a vida milionária daquela pessoa.
 Mas como quem vive num corpo que não é o seu, que não se encaixa, que não se sente bem nessa pele, que se olha e não se sente a pessoa que vê. 
Esse sorriso que lhe sorri é-lhe estranho, essa mão que lhe toca não lhe parece sua. E, depois a minha história, a minha memória, poderia ser outra, tantas outras, diferentes, belas, brilhantes, cheias de altruísmo, de aventura.
Estranha pessoa, eu, alma no meu corpo, tento assim explicar este desconforto, sem sequer saber se tenho alma, ainda nenhum cientista provou a sua existência e onde ela se aloja, dizem os poetas que nos entra na primeira inspiração quando nascemos e sai de nós no último suspiro quando morremos. 
Estranha pessoas, eu, em que há dias assim em que precisamos aprender a amar-nos, a aceitar-nos, porque tudo nos parece estranho, crescemos de repente, envelhecemos rápido demais, não ouve tempo para sentir a mudança. E um dia damos por nós a perguntar para onde fomos que não mais nos encontrámos.

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