segunda-feira, 10 de julho de 2017

Post.it: Dias de verão

O verão tem dessas coisas, essa frescura que ao contrário da climática nos liberta, nos enche de asas, de brisas no pensamento e, voamos nos sonhos que queremos concretizar. Dessas coisas que ficam para as férias e depois ficamos tão cheios de uma bagagem feita de compromissos, que quase sem culpa arrumamos num canto da vida, quem sabe para o inverno, quando o frio e a chuva nos impedirem de sair de casa, aí sim arrumamos o que há para arrumar. Lemos os livros que queremos ler, o filme que queremos ler, o telefonema prolongado que precisamos de fazer.
Agora, o corpo, a alma, todo o nosso ser numa composição de realidade ou fé quer apenas sentir-se leve, liberto da rotina, dos horários, dos compromissos, dos chefes, das colegas, dos transportes públicos ou de não saber onde estacionar o privado.
Agora, finalmente é o arrumar das botas e enfiar o chinelo no pé, caminhar descalça em casa, rodopiar enquanto se abre as janelas para deixar entrar o sol, e ver nas janelas os vasos de flores, os lençóis estendidos, os fatos de banho. Porque sim, está na hora de ir a banhos de mar, abraçar as ondas, adormecer nas dunas. Comer gelados, que se lixe a dieta, no inverno ficamos a chá e torradas, prometo. Perdoe-me o guarda-roupa se não cumprir.
O verão é um tempo de passagem, está como nós em permanente viagem, se não o vivemos, passa e não deixa recordação alguma que nos aqueça nos dias de final de ano.
Vamos encontrar amigos, entre uma cerveja gelada e um prato de caracóis, o marisco dos pobres, dizem. Mas sinceramente, prefiro mil vezes uns caracolitos do que um refinado marisco com as suas requintadas calorias. E depois há as saladas, adoro saladas, as folhas verdes, o contraste coloridos do tomate, o minguado azeite casando com o recheado vinagre e para rematar montes de orégãos, quase afrodisíaco para as minhas pupilas gustativas.
Depois num verão que se prese não pode faltar uma rede entre duas árvores, o chilrear dos pássaros e o silêncio. 
Ainda dizem que o paraíso não existe, claro que existe, quem não o vê, quem não o sente, ou anda a dormir ou a deixar o verão passar!

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