sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Post.it: Como se fosse ilha

Gosto de pensar em mim como se fosse uma ilha, não de solidão, mas de contemplação. E essa ilha tem um lago onde descansa a rebeldia dos verdes anos. E essa ilha tem um riacho, pequeno  e suave para transportar todas as minhas pequenas mágoas. Já foram grandes, ou melhor assim as considerei, mas o tempo  e a distância as tornaram minúsculas, quase insignificantes. 
E essa ilha tem uma vasta praia  de fina, branca e fofa areia para tornar mais fácil o caminho dos meus passos por vezes cansados. E essa ilha tem um mar com marés que em outros tempos fugiam mas que agora apenas regressam e adormecem aconchegadas por ternas e densas dunas.
E essa ilha tem árvores repletas de brisas que já não se deixam invadir pelos ventos tempestuosos de pessoas que nos querem devastar o corpo e a alma. E essa ilha tem um farol, não para que me encontrem nela, mas para que eu nunca me perca dela, da sua paz, da sua conciliação com o universo que a compõe. 
E essa ilha tem um cais ansioso por me receber, por me aconchegar em braços de mar, em beijos de terra, em sorrisos de céu. E essa ilha tem silêncio, como se fosse um vulcão que engoliu todas as palavras, por serem demasiado agrestes e deixou no ar não uma sensação de  vazio mas antes de plenitude. 
E essa ilha tem um segredo, uma paisagem interior que guarda, que é, quem sabe, o seu paraíso secreto.

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