quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Post.it: Histórias como a nossa

Histórias, todos temos as nossas, que por serem histórias, são coisas do passado, embora, nem sempre coisas passadas. São situações vividas e que já não podemos repetir para reviver esse momento de felicidade. Coisas que não pudemos alterar para que corram de forma diferente, melhor, pensamos no nosso arrependimento, na nossa idílica esperança.
As novas histórias em nada se comparam com as “velhas”, ainda não ganharam o sabor que a maturidade e o passar do tempo lhes confere. São um pouco como a fruta, verde não sabe a nada, mas quando amadurece resplandece em doçura, em sabor que nos apetece saborear lentamente até ao fim.
Todos gostam de ouvir histórias, sobretudo se tiverem um conteúdo anedótico, essas “quedas” que damos na vida e a forma como lhe colocamos um final feliz que nem sempre teve. Mas só o facto de estarmos aqui para contar já pode ser considerado um final bem-sucedido.
Mas mais do que ouvir contar histórias, todos gostam de contar as suas, todos gostam de as colorir e se tiverem o dom da oratória, porque não ficcionar um pouco para prender a atenção do ouvinte? A vida já é uma chatice, um marasmo, um drama de contínuos actos, para quê ainda estar a partilhar a nossa desventura shakespereana?
Nós, todos nós somos uma escultura esculpida pelo tempo, pelo vento, o sol, pelo olhar dos outros. Sim pelo olhar dos outros, e isto,  de repente, trouxe-me à memória a frase de uma grande amiga “os outros não têm defeitos nós é que os vemos com defeitos, na realidade, o defeito está na nossa visão”. 
Só muito tempo depois é que percebi a sua amplitude. Ao longo da nossa história, na nossa busca incessante do outro, esse alguém que nos completa, que nos faz feliz, construímos um ideal, físico, psicológico, económico, familiar, etc, etc., etc. e etc. A dada altura parece-nos que sem esses predicados ninguém é o ser perfeito. Mas a verdade é que se for a pessoa que nos desperta sentimentos superiores, encontramos-lhe todas e mais algumas virtudes, mesmo que quando nos passe a “pancada” da paixão, acabemos por constatar que não as possui, enfim, lá ficamos nós com mais uma história, que está longe de ser perfeita, mas é a nossa…

Sem comentários:

Enviar um comentário