sexta-feira, 15 de maio de 2015

Post.it: A vida resolve

Tudo vem tudo me passa e ao passar, minto, se disser que não me fica. Numa célula de vida, num recanto da alma, no esconderijo secreto do olhar. Mas passa, garanto que passa, com mágoa ou sem ela, com saudade ou esquecimento, passa. 
 No que fica, o vago embaraço da lembrança, os resquícios ténues do que foi esperança… Cresce a semente, um pouco mais de nós, numa centelha que altera por instantes o frágil timbre da voz. Um adeus que queremos e não queremos dizer. Um espaço que fica para um outro olá. Há quem desista dos recomeços, há quem não queira mais enfrentar os dias e sobretudo as noites que lhe são escuridão dentro do peito. Mas que pudemos fazer se as águas nos avassalam, se as ondas nos impelem a seguir. Remar contra a maré, ficar âncoras de orgulho? Não, não vale a pena, quando ainda há tanto céu para enchermos de estrelas, de luares, de sois, de madrugadas, de chuvas de Março que fazem despontar a primavera. Há sonhos para sonhar e uns quantos para concretizar. Não, não nos vamos agarrar ao passado quando à nossa frente o futuro nos estende os braços e nos incentiva a atravessar a ponte libertando-nos da prisão de ser finita margem. O horizonte pertence-nos, a estrada é o caminho certo, seja qual for a direção. E depois, mais tarde ou mais cedo há uma certeza que temos de reconhecer, que temos que repetir em todas as ocasiões quando a dúvida nos quer sufocar, vamos sorri, confia, que a vida resolve.