quinta-feira, 21 de maio de 2015

Post.it: O ladrão

(Sou um ladrão, prendam-me. Roubei suspiros, assaltei corações. Furtei sonhos. Menti, sim menti, enganei, mas foi tudo por Amor. Acreditem!
Mas quem acredita num larápio de ilusões. Quem dá ouvidos a quem planta saudades nos seres mais incautos depois de lhes ter revelado o caminho suave da felicidade. Porque, sim, sou um malandro, daqueles que tem boas falas, gestos mansos, olhar envolvente e palavras que fazem voar os sentimentos. Surripiei beijos, rapinei desejos. Saquei vidas vazias de paixões. Defraudei fantasias. Gamei-lhes a paz, essa paz que tanto apregoam quando no fundo, bem lá no fundo das verdades omitidas, queriam muito conhecer o idílico sentimento amoroso. Neguem, neguem se puderem, envolvam-se em falsos pudores, mas foi no meu leito de ondulantes madrugadas que desposaram em mim os mais ternos recatos. Chamem-me todos os nomes que só um marialva deve escutar, mas depois, mesmo que seja muito depois, sequem as lágrimas de orgulho ferido, de ego magoado e reconheçam que fui a história mais complicada e mais ditosa que viveram. Reconheçam que o mar é lindo quando está pacifico mas, quem resiste à atracção de mergulhar nem que seja unicamente com o olhar nas mais fortes tempestades. Quem resiste a arriscar a vida por quimeras que se derramam pela margem e sucumbem na areia, foi feliz, foi doloroso, talvez, mas pela viagem repetiam uma, mil vezes...
Prendam-me, condenem-me ao cárcere por mil anos. Assumo, sou culpado, sim sou culpado, porque amei!)
Merece a liberdade quem ama, todas as vezes que o seu coração abraçar o sentimento. Merece a liberdade quem se entrega sem medo do futuro. Merece a liberdade quem rompe com as fronteiras do tempo e acende em alguém centelhas de eternidade. 
Condenados sejam os “juízes” que nos fazem prisioneiros do infortúnio em nome de uma felicidade ausente de emoções. Condenados sejam aqueles que não sabem amar.