segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Post.it: A poética vivencial da palavras

Costumam dizer que falar muito com poucas palavras é próprio da poesia. Mas há que enquadra-las, harmoniza-las, humaniza-las. E também dar-lhes asas, solta-las ao vento e ter a certeza que o seu voo nunca será uma partida mas sempre um regresso. Uma chegada que recebemos, recolhemos, para lermos, saborearmos e sentirmos em momentos que delas precisamos para nos preencher o vazio de outras palavras que já tardam.
Serão talvez, estas apenas substitutas dessas outras, dizendo algo que pode ser sentido, porque tem real sentido. Palavras que  condensam uma verdade que nos guia e nos define enquanto ser emocional.
Mas no fundo não é  preciso dizer muito, nunca foi, basta dizer o essencial, deixar no horizonte das palavras a porta aberta para que outras  a elas se venham juntar numa relação feliz e quem sabe até geradora de novas palavras na construção de  um caminho comum, feito por lugares de paz, lugares de harmonia. Há quem considere as palavras ambíguas, passiveis de múltiplas leituras, há quem as acuse de se esconderem com receio da frontalidade, da verdade. É possível, tudo é possível, porque são lidas com diversos feixes de emoção. As palavras podem revestir-se de alguma opacidade abrindo a porta a múltiplas vias de interpretação, até porque elas serão sempre a conjugação do que somos, desse passado que nos fez crescer com personalidade e valores educacionais concretos. De um presente trilhado por cada dia, por cada hora, em cruzamentos, encontros e desencontros de horas solares, de nuvens que nos fazem companhia em ondas de diferentes (a)mares. 
Não desvalorizem as palavras, ela são  um composto de letras dispostas segundo uma objectiva intenção. Elas têm sempre algo para dizer, são um depósito de sensações, são braços que se estendem quando as lemos e encontramos nelas um elo de cumplicidade, recebemos então esse abraço  que há tanto tempo espera por ser dado, lido, compreendido e quem sabe, igualmente abraçado...