quinta-feira, 12 de maio de 2022

Post.it: Metamorfoses do olhar

Acordar pela manhã, levantar o corpo, dizer aos pés, caminhem!
Tudo não passa de um tom da visão, um dom do sentir. Uma espécie de copo meio cheio ou meio vazio, depende da forma como  o vemos, como o sentimos, como vivenciamos cada detalhe que nos é dado a viver.
Estamos em crescimento, aprendemos todos os dias, a cada instante
Estamos sempre em decrescimento, fazendo os nossos lutos sem panejamentos pretos, sem lágrimas, pelo menos não muitas, não visíveis.
Somos apenas a metamorfose da vida em voos que ensaiamos mas mesmo quando abrimos os braços, a maior parte de nós nunca chega a levantar os pés do chão. Talvez nos sonhos, quando a liberdade de sermos a leveza da nuvem nos eleva e faz ir para lugares onde o peso da existência carnal não nos prende mais.
O resto do tempo arrastamos a vida connosco, tentando vive-la nas suas marcas de cinzel e a pele lisa revela sulcos de uma mão que nos molda e nos confere um cansaço, uma tristeza onde já houve alegria.
São os desígnios de tantos dias, sol e chuva de muitos anos. Nomes que chamámos e outros, tantos que já esquecemos e que por eles fomos esquecidos.
Se esta ruga falasse, quanto de mim te diria...
Se este cabelo branco contasse quanta neve já lhe caiu como um manto de solidão, de vazio.
Claro que rimos, claro que nos emocionámos, que amámos cada primavera que nos nasceu no peito, que nos aconchegámos no calor corporal de cada inverno. Fomos felizes, somos felizes…
Porque amanhã, será um novo dia, para retomar velhos passos e encontrar o caminho para novos.


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