segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Post.it: Pouco o bastante


A cada pouco vou agradecendo.
A cada gota de chuva que cai descendo a vidraça da janela.
A cada raio de sol que me entra de mansinho no quarto ainda adormecido da manhã.
O tic tac sonolento do relógio pendurado na parede solitária e branca.
Um que vai tentando encontrar o  compasso do meu coração, corre para o apanhar, mas é ultrapassado pelo galope de uma pradaria imaginária.
Cada vez que me levanto e caminho, os meus passos desenham estranhos destinos, gratos por cada pé que ante pé e outro que lhe sucede.
Ou quando abro os olhos e vejo o meu pequeno universo espacial cuja dimensão é irrelevante, tem o tamanho ideal de um abraço, tem a proporção ideal quase perfeita de um aconchego.
De repente tudo ganha um novo sentido, o que era pouco parece-me tanto, ou pelo menos, o bastante para existir e ser suficientemente feliz.

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