Há
quem diga que as palavras gostam de mim, talvez, mas não tanto quanto eu gosto
delas. Rompem o silêncio, aproximam as pessoas, ensinam-nos caminhos, dão-nos
luz, conforto, limpam lágrimas,
oferecem-nos sorrisos, abraçam-nos. Claro que também nos podem magoar, também
nos podem revelar o outro lado do espelho, podem desnudar-nos a alma, arrefecer
o espírito, fazer-nos fugir, encolher na dor que nos provocam.
Mas
acredito que se podem tornar ecos, ondas de momentos felizes, que nos podem
fazer crescer, engrandecer, revelar o melhor de nós.
E
se algumas persistirem no seu eterno pessimismo, talvez possamos acender-lhes
uma luz; e se outras permanecerem no seu inverno emocional, podemos sempre
revelar-lhes o calor do sol; se outras ainda insistirem nas suas tempestades de
sensações, podemos tentar demonstrar-lhes a beleza da bonança.
Acredito
que podem florir no peito mais gentil e tornar a primavera numa estação perene.
Acredito que nos podem tornar os dias mais suaves quando nos despertam sonhos.
Acredito nas palavras, independentemente das letras, da ortografia, da
gramática, dos acordos ou desacordos ortográficos. Independentemente de nos
serem sussurradas ao ouvido, gritadas de alegria à nossa chegada.
Independentemente de serem muitas, de serem poucas, longas, concisas, leves,
profundas. Independentemente de nos surgirem em sms ou em email. De navegarem
pelas linhas telefónicas, pelos cabos de fibra óptica, pelo ar que nos
transporta a voz. Independentemente de chegarem de perto ou de virem de longe,
valem pelo que são, valem pela intenção. Valem pelo conteúdo e não pela forma. Têm
mil rostos, outros tantos encantos, alguns, poucos prantos e muitos espantos. Gosto
das palavras, quando saem de mim e chegam a ti me fazes acreditar que as
palavras também gostam de mim.