Imaginamo-las feitas de betão e ferro,
longas, fortes, com colunas que se erguem ao céu. Imaginamos que unem margens,
que suplantam rios, que abrem caminhos, que nos levam onde desejamos chegar.
Imaginamo-las desenhadas, engenheiros, arquitectos, construídas por homens numa
argamassa de suor e cimento. Olhamo-las com olhos extasiados de admiração pela
sua maravilha.
Mas há outras pontes. Pontes que unem vidas,
construídas com o coração, que enlaçam mães, que cingem abraços, que partilham olhares, que repartem beijos. Não são menos
importantes que as outras. Feitas de carne e osso, feitas de sentimentos, não
são por mais frágeis. Suplantam os que rios, os mares, os continentes.
São pontes de vidas unidas no infinito dos sentidos. São pontes individuais; “Ninguém
pode construir em teu lugar/ as pontes que precisarás passar,/ para atravessar
o rio da vida/ - ninguém, excepto tu, só tu.” Caminhando por essa ponte
descobrimos que “O homem é uma ponte e não um fim. (Nietzsche)
Todos nós precisamos de pontes para ir para
os outros ou para que venham até nós. “
Se
você se sente só é porque ergueu muros em vez de pontes”. (Shakespeare)
E se
ficamos extasiados com a beleza das pontes de betão e ferro, que dizer das
pontes humanas! “A mais bela ponte construída no planeta é a distância entre um
olhar e outro”
Byron
chamou-lhe Bridge of sights, talvez a uma daquelas pontes que todos nós, um
dia, quisemos atravessar e não o fizemos.
Resta-nos
uma esperança “que nunca caiam as pontes entre nós”.