
Revolvemos
os arquivos das lembranças, numa ânsia intemporal, e uma mágoa comprime-nos o
sentido das emoções como de uma estranha orfandade se tratasse. Então numa
quase surpresa que nos invade o peito vem sem se saber de onde um longínquo suspiro ecoa o seu nome, ainda sem
rosto definido, ainda sem memória de
momentos partilhados. Mas ainda assim, invade-me
uma saudade, uma vontade de voltar atrás, de retomar aquela estrada onde nos
perdemos. No fundo é retomar do que eu fui, porque somos sempre um pouco o que
os outros são, moldamo-nos, encaixamo-nos, embalamo-nos nessa forma que nos
conforta. Quando há uma separação, um desencontro, há um laço que se corta, há
um pouco de nós que se perde no outro e fica com ele até nos esquecer, nos
apagar do seu passado sem nos levar para o seu futuro.
Levo
a chávena de café aos lábios, sinto o seu aroma, o seu sabor amargo, porque, sim,
continuo a gostar de café sem açúcar, e
lembro-me da tua última frase, “Ainda um dia tomaremos um café juntos”. Ainda
não foi este, quem sabe o próximo…