Como
escreves? Não entendo a extensão da pergunta, nem tão pouco porque isso ainda
suscita alguma surpresa. Mas repete-a, “Como escreves da forma como o fazes?”
Que
lhe dizer? Encolho os ombros, esboço um sorriso de plácida ignorância e um
silencioso pedido, “não me perguntes o que não sei”.
Gostava
de saber o que responder, de encher o teus ouvidos com mágicas teorias assentes
nas mais sólidas técnicas cientificas da escrita criativa e emotiva, se é que
esse é o meu género literário, dizem que sim…
Mas
a verdade é que por receio de te desiludir, mantenho o meu silêncio. Depois
procuro uma solução mais consistente, olho-te nos olhos, firme, sem pestanejar,
talvez assim te convença de que existe na minha explicação ausente, um rasgo de
inteligência. E desta forma, nunca venhas a saber, que não escrevo, que escreve
o vento em mim, que és tu quem me desperta as palavras.
Que todas as vidas me são sementes e preenchem
de flores a aridez vazia da minha. E calo no meu silêncio o receio que um dia, finalmente, confirmes, que sem ti,
nunca escreveria…
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