No
primeiro dia de férias, respirei fundo e prometi, “Não vou escrever nas férias,
vou saborear os dias e sentir a agradável sensação de não fazer nada, de me
desvanecer, de partir de mim e permanecer ausente desta rotina que nos consome
a vida quando a derramamos em dias, meses e anos presos na teia invisível dos
nossos hábitos ou acomodações.
Hoje, quem sabe, apenas hoje já não vou pedir
mais do que este dia, para fechar os olhos e sentir, não o passado, não o futuro,
mas apenas o presente.
A brisa a dançar por entre as árvores, o murmúrio do mar
a desvanecer-se na praia. Afinal, relembro-me que estou de férias, que não
tenho de obedecer escravizadamente ao compasso do relógio.
Vou
acordar sem a ordem pragmática do despertador. Vou levantar-me porque me
apetece sair da cama. Vou tomar o pequeno-almoço devagar na hora que desejar, sem o fazer por ser um
ato programado.
Não,
não vou escrever, mas escrevo.” Então concluo com algum alívio, que escrevo,
não porque seja um hábito mas porque gosto de o fazer, em qualquer altura,
mesmo até em férias.
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