“Não
domino nem a vida nem a ciência, sou completamente empírica” Adotei esta frase
porque me serve como uma luva.
Tenho
que experimentar, tenho de cair para aprender a levantar-me, tenho que me
magoar para aprender a tratar das feridas. Já me disseram inúmeras vezes que “gato
escaldado de água fria tem medo”, mas na minha teimosia ou irreverência,
respondo que os gatos têm 9 vidas e que ainda estou longe de atingir esse
limite.
Cedo
demasiadas vezes à química e acabo magoada na física. Sem entender a razão, lá
vou insistindo em combinar células, unindo protões e neutrões, indiferente aos conteúdos
positivos ou negativos. O problema é que acabo muitas vezes com os átomos
cindidos numa espécie de explosão nuclear interna. De imediato ocorrem
salvadores os bombeiros lagrimais que inundam pacotes e pacotes de lenços de
papel. Até ao dia em que as moléculas estabilizam e o sol volte fazer com que
funcione a fotossíntese primaveril para alegria de toda a biologia.
Confusos?
Também eu, mas como vos disse no início, não domino a ciência, nem a vida. Por
mais que contabilize anos de uma aprendizagem permanente, é bem verdade que não
primo pela assiduidade e menos ainda pela pontualidade. Confio na benevolência da
vida, no reconhecimento da minha persistência. Quem sabe até recebo um dia uma
medalha de mérito pela perseverança ou um diploma pela tenacidade. Porque é no
laboratório diário de experiências que construo o meu viver e, salvaguardando
alguma distância razoável, espero encontrar por entre erros e certezas, por
entre explosões e implosões, a fórmula mágica para ser feliz. Uma felicidade,
que se não for eterna para a infinitude do universo, o seja na finitude da
minha existência.
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