Já me viste chorar, já me viste rir. Aqui, onde me dispo perante ti, nas histórias vividas, nas histórias sentidas. Nas histórias que me passam diante do olhar por este rio da vida que segue, por vezes alheio à nossa vontade.
É
aqui que te olho de frente sem medo de
cair no abismo das emoções. É este olhar que te rouba do silêncio e te restitui
a voz, sem se esconder no receio do desconhecido.
Claro
que emolduro o retrato, claro que ilumino o breu de cada dor, claro que pinto
aqui e ali um arco-íris de positividade, claro que construo um sorriso em
lábios que já não sabem sorrir. Mas a verdade é que estou aqui, nas entrelinhas,
nas vírgulas, nos pontos finais e sobretudo nas exclamações, porque nunca deixo
de me surpreender com as vidas, tal como são elas vividas.
Mesmo
quando me apontas laivos de fantasia, peço-te, não analises tão friamente o que
sinto, o que deixo de mim nestas linhas, afinal, já basta cada manhã que não
trouxe o sol, já basta esta primavera com ares de inverno, já basta cada sonho
que sabemos finda com o despertar, já basta a noite sem dormir, já basta a
felicidade que nos parece fugir.
Precisamos de esperança, precisamos de
acreditar, precisamos de ver a paisagem dos dias com mais cor, precisamos que o
coração bata com mais amor.
Já
me viste tal como sou, tal como me dou e mesmo assim dizes que nada sabes sobre
mim...
Na verdade, sou cada história, onde estou. Porque
tal como elas apenas desejo encontrar, “alguém que me saiba definir”, “alguém
que me saiba sentir”.