São
mais que saudades, são maresias que nos embalam os dias. Lembranças, são
pedacinhos de nós que nos semeiam no peito e vão tornando mais sólida a nossa
vida. Os que vêm, os que vão, por vezes com uma efémera questão.
“Que
ficou de mim em ti? Não sei. Talvez o murmures nesse sopro de vento que não
entendo, na dança das folhas cujo significado não alcanço, no cantar dos
pardais que não compreendo, no som melodioso do rio que não apreendo.
Fica-se-me
a pergunta sem resposta concreta e a esperança de que nem tudo tenha sido em
vão. Que em cada pessoa que conhecemos, que recebemos e deixamos partir, nos
leva na lembrança como se fosse uma asa de infinito que voando se liberta da
linha redutora do horizonte. Não tenho a desmesurada pretensão de me tornar uma lembrança duradoura, basta-me um segundo,
aquele segundo que nos faz sentir um lampejo de luz mesmo que depois se apague
no fechar de olhos, sem nunca voltar a surgir.
Que
ficou de ti em mim? Um pouco de mundo, do teu mundo, aquele em que entrei, ou
melhor espreitei com vontade de entrar, de conhecer e partilhar. Esse universo
que tu és, de emoções, sensações, de harmonia e conflito, de alegria e
tristeza, amargura e ternura, gotas de mar, raios de sol.
O
que ficou de ti em mim foi a lembrança, longa ou finita, porque o tempo é apenas
o caminho do nosso viver acontece e eu, sinto que me deixaste naquele instante,
o coração abraçado pelo laço profundo de um sonho, que nem cheguei a sonhar”.
Mas ficam sempre as “memories,
pressed between the pages of my mind. Memories sweetened thru the ages just
like wine. Memories,
memories, sweet memories” a ecoar na voz intemporal de Elvis.
Sem comentários:
Enviar um comentário