“Faltou-me,
algo que não sei bem o quê, uma grama de coragem, uma dose generosa de vontade.
Um pouco de iniciativa. Faltou-me esse querer, que se quer com a força que move
montanhas. E, no fundo, bastava apenas um sopro de vento vindo do fundo da
alma. Mas não o fiz, gastei as minhas energias com desculpas, “não era para
ser”, “nunca daria certo”, tive medo. Medo de tentar, de arriscar, de lutar, de
voar, de cair, de chorar. E no entanto se “tivesse um golpe de asa”, teria
tocado o sol, sem me queimar. Teria mergulhado no azul do céu. No entanto,
troquei o assombro pela paz. Troquei o sonho pela realidade.
Por
um momento foi quase amor. Quase princípio, quase de felicidade que se tronou
numa quase saudade.
Nesta
vida que foi quase, quase vivida, essa “asa que se elevou mas não voou”,
deixou-me onde estou, onde sempre estive, sem chegar mais longe.
Hoje
vagueio-me em silêncios do coração impedindo-o de gritar o nome que entretanto
já esqueci no deserto dos dias. Se ao
menos tu (esperança) estivesses à minha espera. Eu voltaria e, quem sabe desta
vez, até voasse.”
E
voa, voa com o olhar, voa com o pensamento. Voa sem asas, porque já não precisa
delas. Os anos permitem-nos isso, libertos da razão, dos conceitos,
preconceitos, do certo e do errado, podemos por fim dar deixar voar o coração.
Mesmo que seja tarde para a vida, ainda é madrugada, para o dia.
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