Pós-de-bem-querer para partilhar/oferecer: Pensamentos, histórias, aprendizagens.Tudo o que acontece quando se vive e se ama a vida!...
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Post.it: A pandemia no Natal de 2020
O vírus existe, anda por aí, não sabemos onde. Podemos cruzarmo-nos com ele, ele pode fazer de nós seu hospedeiro sem bater à porta, sem pedir permissão para entrar. Chegou não se sabe quando, veio não se sabe de onde, mas vai visitando cada um, instalando-se sem fazer cerimónia, tomando por seu o que é nosso: a vida. É notícia de aberturas dos telejornais, cada dias mais pessoas são por ele infetadas, mais vidas dizimadas. Assusta, mas ao mesmo tempo, para muitos parece algo distante. Mesmo quando alguém conhecido nos telefona e diz-nos que está infetado. Sentimos a sua aproximação, no nosso bairro, na nossa rua, no nosso prédio, à nossa porta. No entanto continuamos todos os dias a levantamo-nos para ir trabalhar, para deixar as crianças na escola e à noite regressamos para casa e abraçamos a família com o olhar.
Sexta-feira 18 de Dezembro de 2020, o João levou a sogra ao hospital, queixava-se de fortes dores de cabeça, fez exames e estava tudo normal, só a dor lancinante continuava. Fez teste ao Covida-19 e deram-lhes uns analgésicos. Nesse fim-de-semana ficou na casa da filha e do genro com o marido e a neta.
No sábado 19, a dor de cabeça mantinha-se persistente ao qual se juntou um cansaço que a fazia permanecer na cama.
No domingo 20, um telefonema, veio desperta-la, de rosto lívido entregou o telefone à filha, já não conseguiu ouvir mar mais nada, correu para o quarto, cerrou a porta. Tarde demais pensou em lágrimas, de certo já tinha espalhado o vírus por toda a família. Aquele domingo começara animado, João e Paula faziam planos para a festa Natalícia, nesse dia iam comprar as prendas de Natal. Por minutos ficaram sem ação, logo de seguida o João começou a organizar a logística. – A tua mãe fica no quarto da nossa filha porque tem wc privativo, na segunda-feira vamos todos fazer testes de despistagem e até lá vamos agir com normalidade. Mas que normalidade? Tudo lhes parecia estranho, confuso, assustador. O vírus já não estava distante, entrara-lhes em casa, infetara-lhes a vida. Tanta coisa para fazer, avisar todas as pessoas com quem contactaram nos dias anteriores, desmarcar compromissos. Não estavam à espera, não estavam preparados, mas alguém está?
Segunda-feira 21, sentiam-se angustiados, o tempo arrastava-se lento, a noite fora longa e o amanhecer sufocante. A Saúde 24 marcou-lhes teste para as 12 horas, como ira ser longa a espera, mas esperaram. O pequeno-almoço não sabia a nada mas tinham de se alimentar. Carlota nos seus 4 anos incompletos, mantinha-se alheia a tudo o que se passava, queria brincar a permanência dos pais em casa para ela era uma festa, ainda perguntou se não ia para a escolinha, responderam-lhe vagamente que não.
Quarta-feira 23, a vida era gerida pelo calendário e pelo relógio, uma espera que desespera. Pelo menos não temos sintomas dizia o João tentando animar a família enquanto pegava na Carlota ao colo. O telefone tocou, o coração saltou-lhes no peito, - É a minha mãe, não ainda não sabemos nada… O telefone voltou a tocar, novo sobressalto. – É o meu irmão, não, ainda não nos telefonaram. Ouviu-se novamente o telefone, nº desconhecido – Sim diga… do lado de lá da linha a enfermeira foi dizendo o nome de todos, toda a família estava infetada!
E agora? Perguntou? Agora devem ficar em casa, durante um período de 2 semanas, telefonem se tiverem sintomas mais evidentes e se necessitarem de auxílio. Até lá todo o cuidado, muita higienização e muita calma. Mas e como vamos sobreviver? Os pais do João estão em casa doentes, os vizinhos mal os conhecemos, o irmão está longe e a irmã da Paula ainda mais longe, em França. Temos comida mas não deve chegar até ao final da quarentena. Paula, olhava para a filha e chorava, este ano não há Natal, deixei para os últimos dias as compras, nem comprei um brinquedo para a Carlota, que lhe vamos dizer? Não te preocupes, havemos de conseguir remediar a situação, faremos o nosso Natal mais tarde, depois de testarmos negativo. A Carlota nem vai perceber.
Quinta-feira 24, 22h, tocaram a campainha, a Paula foi atender – Sim, quem é? – O Pai Natal disse uma voz masculina e uma voz de criança acrescentou e o Menino Jesus! – Como? O quê? Quem é? - Somos nós os teus amigos, vimos trazer-te o Natal. Abre a porta do prédio que deixamos tudo à tua porta para depois recolheres. João e Paula abriram a porta timidamente e a seus pés viram um imenso cabaz, bolo rei, filhoses, fruta, 3 pratos com bacalhau, peru e cabrito. Carlota saltava eufórica e cantarolava, - O Pai Natal chegou e trouxe-me uma prenda. Porque, sim, nem as prendas faltavam. Uma boneca e livros para pintar para a Carlota, um jogo de tabuleiro para o João, um cd para a Paula, uma écharpe para a mãe da Paula e um cachecol para o pai.
O Pai Natal chegou continuava a cantarolar a Carlota. – E o Menino Jesus também, acrescentaram em uníssono Paula e João, porque só ambos unidos podiam ter encontrado amigos tão generosos como os nossos. Mas a festa estava longe do fim, o silêncio foi interrompido por melodias de Natal que vinham da rua, correram para a janela do seu 1º andar e por detrás dos vidros embaciados viam e ouviam o seu grupo de amigos, vozes de adultos e de crianças que se entrelaçavam e delas ouviam-se canções que simbolizavam a esperança e a ternura que queriam oferecer.
E porque o Natal continua no coração das pessoas de boa vontade e de amor ao próximo, o grupo de amigos organizou-se para que nada faltasse a esta família nos próximos dias. E o seu/nosso desejo é que este gesto seja repetido em todo o pais, em todo o mundo, onde existam pessoas a necessitar de ajuda, de amizade e de amor.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Post.it: O meu Pai Natal
Quando era criança tinha festas de Natal muito felizes, costumava ir para a quinta dos meus primos, todos juntos eramos mais de 30, a maior parte crianças. Lembro-me que na véspera os homens juntavam-se no salão a jogar às cartas, as mulheres em animada conversa ficavam na cozinha a fazer as tradicionais filhoses, enquanto as crianças reuniam-se no quarto dos brinquedos.
Perto da meia-noite toda a família reunia-se no salão à volta da lareira. De repente irrompia pela porta uma figura típica, o Pai Natal, era alto, forte, com barbas brancas e vestia de vermelho, falava alto, chamava as crianças e nós corríamos para ele sem receio. “Pai Natal, Pai Natal e ele sentava-se num cadeirão, um de cada vez sentávamo-nos no seu colo.
Ficávamos surpreendidos por ele saber o nome de cada um de nós. Dava-nos prendas que nem abríamos de tão entusiasmados com a presença do Pai Natal e ele, ria-se, comia bolachas e bebia o leite morno.
Perguntava se nos tínhamos portado bem e depois de deixar um beijo na bochecha de cada um de nós, despedia-se porque ainda tinha muitos presentes para entregar.
Antes de sair, num ultimo olhar, num último momento de magia, dizia-nos, “crianças, não se esqueçam de ser bondosos uns com os outros”.
Já tinha 10 anos quando descobri que o Pai Natal era o meu avô. Era uma figura peculiar, envolta em algum mistério, nunca casou, teve as suas namoradas, claro. Teve filhos, netos e bisnetos. Viveu sempre sozinho, sempre deambulante, mas na noite de Natal nunca faltava, desaparecia na manhã seguinte antes mesmo de nós acordarmos. Perdia-se no meio do nevoeiro, imaginava eu, nunca se despedia, mas deixava mais uma recordação, uma quase tradição, para além de se vestir de Pai Natal, organizava um jogo de cartas que era jogado com dinheiro, no final ele ganhava sempre e antes de partir deixava o dinheiro ganho, repartido por todas as crianças da família.
O meu avô nunca soube ler, escrever nem conhecia os números, era jardineiro porque gostava de flores. Falava pouco mas era muito observador. Se soubesse que alguém estava doente era o primeiro a aparecer. Chegava de manhã à porta do hospital com o seu farnel e esperava até serem horas da visita. Quando achou que já não conseguia cuidar de si próprio, escolheu um lar e deixou-se lá ficar até chegar a sua hora.
O meu avô já partiu há alguns anos, mas recordo-o, particularmente no Natal, não pelas prendas, um pouco pelo carinhoso Pai Natal, mas sobretudo pela sua despedida que continuo a repetir aos mais pequenos “sejam bondosos uns com os outros”.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Post.it: Desconfinar o coração
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
Post.it: Sombras
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
Post.it: Dezembro pandémico
Em janeiro prometemos que nesse ano será diferente, que vamos dar mais atenção aos afetos, mas rapidamente outros assuntos se sobrepõem e quando damos conta já estamos na azáfama das compras tentando compensar as nossas humanas falhas.
Lá vamos pedindo desculpa e esperando receber um sorriso que nos compreende e aceita, que continua a gostar de nós apesar das nossas imperfeições, das nossas ausências. É isso a amizade, é isso o amor. Que tudo perdoa, que tudo esquece, que nos recebe ano após ano de braços abertos e ternura no rosto.
Claro que é um carinho reciproco, que é um perdão retribuído, afinal, somos todos iguais nas nossas pequenas e grandes diferenças. Mais uma vez aqui estamos, em Dezembro, época em que o coração se finge forte, que tenta sem esquecer, a silenciosa sombra da doença, a possibilidade da morte.
Lá vamos em (missão) invadimos, ordenadamente as lojas quase vazias, de pessoas e de fantasias, estranhamos que estejam mais pessoas nas filas do que lá dentro. Esperamos, desesperamos, tentamos arranjar uma réstia de confiança, aceitamos o desafio e refreando a ansiedade, deixamos passar à nossa frente alguém que num pedido encarecido solicita a nossa vez, é Natal, pensamos, porque não?
Cedemos. Mas não é fácil viver esta época, sem os prazeres habituais de circular nas ruas sentindo o fresco no rosto, sem recolher obrigatório. Sem termos de estar longe de quem gostamos.
E as prendas? Será que as conseguimos dar? E já agora que prendas? Haverá algo que se dê ou que se receba que suplante a separação, a solidão?
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Post.it: Cascata temporal
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Encontro o caminho
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
Post.it: Cansaço pandémico
Quando o novo coronavírus se começou a disseminar por todo o mundo na passada Primavera, foram muitas as pessoas da generalidade dos países afetados que cancelaram casamentos e férias, deixaram de visitar os seus familiares idosos e fecharam-se em casa com a ideia de que este período de isolamento, apesar de necessário, seria breve. Havia aplausos nas varandas onde se cantava ou tocava algum instrumento, mãos costuraram máscaras, gerou-se um sentimento de solidariedade global.
Instalou-se a discórdia, os líderes nacionais e locais não se entendem, os grupos empresariais emitem avisos sobre a possibilidade de indústrias inteiras poderem entrar em colapso se as restrições forem prolongadas, multiplicam-se os protestos nas ruas, sendo que muito deste ceticismo público está a ser alimentado por promessas de “vitória” que vemos não concretizada. Talvez a indicação mais reveladora de as pessoas estarem confusas, frustradas, desesperadas e no ponto limite de obedecerem a orientações ou “ordens” resida no facto de o número de casos estar a aumentar muito rapidamente.
Na Europa, como sabemos, as infeções estão a aumentar de uma forma descontrolada, bem como o número de hospitalizações e óbitos.
Colapso, começou a ser a palavra generalizada, os hospitais estão sobrecarregados, as empresas colapsam, as pessoas entram pouco a pouco num colapso social, financeiro e psicológico. A este sentimento juntou-se a “revolta” este fenómeno de está a ser de tão rápido contágio que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS), chamou a atenção para este fenómeno de “Fadiga da Pandemia. Caracterizada pela desmotivação para obedecer a comportamentos de proteção recomendados e, igualmente pelo descrédito na informação sobre o vírus, menor preocupação com os riscos e menos disponibilidade para atentar aos comportamentos aconselhados.
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
Há palavras difíceis de dizer
Há frases
impossíveis de escrever.
Que fazem
nascer silêncios,
Que fazem crescer
vazios.
Há palavras
que esperam por nós,
Há palavras
que nos deixam sós.
Já nos foram
companhia,
Aconchego na
noite fria.
Há palavras
presas por nós,
Há palavras
que nos calam a voz.
Palavras que ficaram
no esquecimento,
Palavra que
se tornaram lamento.
Palavras que
falaram de tudo,
Palavras que
continham o mundo.
Palavras de primavera
e foram flor
Palavras de
arco-íris que perdeu a cor.
Palavras de
um tempo que passou,
Palavras do
que no peito murchou.
Palavras de Inverno
frio e chuvoso,
Palavras pedem
um verão luminoso.
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Post.it: Os nossos finados
Pessoas que fazem parte da nossa história, que definem o ADN da nossa vida. Que a dado momento fizeram connosco um caminho comum, que riram e choraram as mesmas lágrimas. Que se sentaram ao nosso lado, que escutaram as nossas e partilharam as suas dores. Olhamo-las nos olhos, vimos e sentimos amizade e amor. Confiamos-lhes os nossos segredos, repartimos os nossos medos., histórias, abraços e por vezes, até silêncios.
De repente, uma ausência, um vazio, uma ferida invisível que nos dói por dentro, e a sensação que nos arrancaram algo do corpo e que nos faz tanta falta. A razão sabe que partiu, mas o coração continua a senti-la viva, vibrante de emoções. Os olhos ainda a veem em outros rostos, a sua voz continua a ressoar em outras vozes. Mesmo que lhe tenhamos dito adeus, a verdade é que não nos conseguimos despedir. Há sempre algo que fica por dizer, por agradecer. Há sempre tanto que ainda querias em conjunto viver.
Morreu,
dizem-nos, mas recusamo-nos a escutar as vozes que te querem levar de nós Não,
está viva! Estará sempre viva, guardada em nós, enquanto a nossa memória te lembrar, enquanto
o nosso coração te amar.
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Esculpir o tempo
Com que paixão.
Pode o
coração esculpir.
Com que
ilusão.
Pode a alma
te definir.
Eis que vens.
Brincas
comigo.
Aprisiono-te,
não te conténs,
Foges, já não
me és amigo.
Com que mãos,
com que arte,
Se ao menos
fosses perene,
Seria eterno
o meu amar-te.
Mas tudo é
vento,
Tudo se perde
e esquece,
No sopro de
um lamento.
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Post.it: Sem respostas
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Post.it: LAR
Uma casa de sol mesmo que de vez em quando lunar. Uma casa
de paz mesmo com momentos de contenda.
Mas uma casa onde me sentisse inteira, aconchegada,
protegida. Um espaço para lágrimas e sorrisos, mas sobretudo um lugar onde
pudesse descansar o coração, onde conseguisse contemplar os sonhos e inspirar
ares de esperança.
De onde partisse com vontade de regressar. Onde chegasse e
me apetecesse ficar. Uma casa onde me sentisse todos os dias bem-vinda.
Ainda que fosse pequena que nela me sentisse grandiosa. Uma
casa com paredes da cor de abraços, com um telhado quente como uma manta de
afetos. Com janelas revelando o céu e que à noite as estrelas entrassem por
elas para me aconchegar o sono. E nessa casa a que chamaria carinhosamente (LAR),
Lugar de amor e reencontro.
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
O caminho
Tudo se esfuma na poeira do tempo, já não somos cada vez mais transformamo-nos num fomos. Neste chão onde andamos vamos pisando as pegadas de quem veio antes de nós, e aplanando o terreno para os que nos seguem, todos fazemos o mesmo caminho, unicamente porque não há outro.
É o mesmo planeta, debaixo do mesmo sol, vizinho da mesma lua. Bem podem construir prédios, rasgar avenidas, arrancar as árvores velhas e plantar novas, tenho a certeza de que a cada primavera, nascem as mesmas flores.
Já quantas vezes me cruzei com aquela papoila. Quantas e quantas vezes cheirei aquela mesma rosa. Há quantos anos ando a despetalar aquele malmequer na esperança de que um dia a última pétala me diga, bem-me-quer.
Mas todos os anos ele renasce resplandecente de cor, espreguiça cada pétala e desafia-me com ar trocista a tentar de novo, sabendo antecipadamente que vou perder.
A cada passo há pedras, também elas já velhas conhecidas, feitas de terra amassada com chuva, mar e lágrimas, cristalizadas pelo frio e o calor, moldadas pelo vento.
Cá estão elas no percurso, sendo o caminho que abraçamos ou rejeitamos e as lançamos em outra direcção. Mas, passados poucos ou muitos anos dá-se o reencontro, tenho quase a certeza que já me cruzei com aquela pedra.
Está diferente, contudo reconheço-a, mais pesada, rugosa, áspera mas, tem algo daquele tempo, a forma como se aconchega na minha mão. Desta vez não a lanço para longe, vou levá-la comigo, não sei se tenho tempo para um novo reencontro, vamos ficar por aqui, cruzando memórias de um mesmo caminho.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Post.it: O mundo da pandemia
Inventamos uma coragem que desconhecíamos e murmuramos aos nossos sentidos que não temos medo. Os mais receosos ou cuidadosos, assumem o seu medo cumprindo escrupulosamente todas as indicações da DGS e de todos os sites cibernéticos. Atentos aos noticiários, vão acumulando angustias, sofrendo todas as dores suas e as dos outros. Este é um mundo de solidão, de medo, de revolta. Vidas que estavam organizadas ficaram completamente desmoronadas, pelo desemprego, pela crise financeira, pelas mortes, pela doença e as suas sequelas, pela separação das famílias, pelo temor do desconhecido.
Todos os olhos perscrutam uma luz no fundo túnel ou pelo menos um farol que nos guie.
Já se fala de uma geração covid, crianças que ficam sem festa de aniversário, que não podem brincar com os amiguinhos, a escola polo de encontro e de aprendizagem, para muitos é feita através d
a televisão ou do computador, têm de ficar em casa, confinados a 4 paredes. Foi-lhes roubado um ano ou quem sabe 2 ou 3 anos da sua infância, da sua juventude, da sua velhice, de cada vida em geral.
Neste mundo diferente, tão próximo, tão nosso, sentimo-lo distante e temos receio de o perder, aqui e ali vão proliferando mensagens cuidados a ter “Fica em casa#, “Fica em casa pela sua e nossa saúde”. “Stay home, stay safe, stay healthy”
De esperança, “Está tudo bem”. “Vamos ficar bem”.
De encorajamento “Precisamos de ti”, Ninguém fica para trás”.
De solidariedade, “A solidariedade deve ser contagiosa que o vírus”, “Vamos cuidar uns dos outros”.
Frases de aviso, “Farto do vírus? Cuidado ele ainda não se fartou de ti”
Frases de humor, “Xô bichão aqui em casa você não entra não!”
Quando o vírus já não constituir um perigo para a saúde, quando voltarmos à normalidade, quando todas as portas se abrirem, quando todos os rosto sorrirem sem máscara, quando acontecer o reencontro, o verdadeiro reencontro, sem distanciamento, com beijos e abraços, estaremos diferentes, estaremos todos, mais pobres de afetos.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
Post.it: A beleza das coisas
Era demasiado nova para entender o poder da fantasia, dos ideais, dos sonhos, da esperança.
O caminho que eles fazem em nós, dando-nos fé, força e coragem ou apenas enchendo de uma nova luz os nossos dias mais escuros. Pintando de cores mais vivas a palidez do nosso olhar.
Por vezes é preciso sair de nós, bater asas e voar rasgando o horizonte da lógica que nos prende pesadamente à dureza do chão, para ver, para sentir algo mais do que a realidade concreta em que vivemos e de são feitos os nossos dias.
Quando
somos jovens só vemos o corpóreo, o palpável, também voamos, mas os nossos voos
vão apenas até onde a nossa visão alcança, ainda não sabemos ver com os olhos
do coração.
Se
não acreditássemos na beleza do que não existe, não poderíamos pintar novos
quadros, esculpir novas esculturas, escrever novos livros, compor novas
músicas, conceber novas formas de arte, inventar novas tecnologias, descobrir
novas formas de curar, porque, sim, é verdade até a medicina é das coisas mais
belas porque está ligada à vida e nada é mais belo que a vida nas suas diversas
manifestações.
O
que existe é tão pouco perante um universo de possibilidades, do que pudemos
fazer, do que pode milagrosamente nascer do nada e ter a beleza mais pura que o
nosso modo de ser e de sentir pode conceber.
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Post.it: Todos nascemos pássaros
Quando nascemos temos asas, com leves plumagens e corpos pequenos. Aconchegados no ninho damos os primeiros passos, espreitamos timidamente esse mundo que nos enche de vertiginoso receio. De vez em quando esticamos as asas, ensaiamos pequenos voos sem sair do lugar, sem nos conseguirmos elevar. Mas com tempo, com coragem, com o incentivo dos pais, continuamos a tentar e um dia, um grande dia, voamos.
Saímos do ninho, viajamos pelo desconhecido e se tudo correr bem, amanhã vamos mais longe. Mas hoje voltamos para o ninho, cansados de tão empolgados. Ansiosos que o sol renasça, que o dia amanheça, que o vento sopre e nos leve à descoberta de novos horizontes.
O tempo passa e os voos tornaram-se cansativos, as asas ficaram pequenas para o nosso peso, já não nos elevam, já não nos permitem tocar as nuvens. Mas há quem continue a voar, a voar alto. Rio-me deles, crédulos Ícaros que querem tocar o sol com asas de cera. Também eles um dia vão descer à terra e permanecer nela com passos pesados.
Entretanto, digo-lhes que voem, que
abram as asas e sigam o seu caminho. Voem antes que lhes cortem as asas que os
expulsem do ninho e os coloquem numa gaiola aprisionando-lhes o pensamento.
Quando crescemos continuamos a ter asas, invisíveis é verdade,
mas se tentarmos, se arriscarmos, se acreditarmos, ainda conseguimos voar, nos
nossos sonhos.
Porque quem sonha é livre e quem tem esperança de chegar
mais além há de sempre voar para lá de todas as fronteiras.
sexta-feira, 4 de setembro de 2020
Oração Covid
Pai Nosso que estais no Céu
Santificado seja o vosso Nome.
Venha a nós uma Vacina.
Venha ela da Inglaterra ou da China.
Perdoai-nos por nos esquecermos da máscara,
E por revelarmos um sorriso triste na cara.
Atendei o nosso pedido de não sermos infetados,
Quando aos entes queridos ficarmos abraçados.
E não nos deixeis cair em tentação,
De ir para festas de grande multidão.
Mas livrai-nos do Covid-19, do 20 e do 21
Que este acabe e não volte mais nenhum.
Avé Maria, cheia de Graça,
Não nos deixeis cair em desgraça,
Se esta Pandemia por aqui demorar,
E deixar devastação ao passar.
Bendita seja a esperança que nos conduz,
Por um ficar bem que nos enche de luz.
Santa Maria, Mãe de Deus,
Rogai para que nós
No confinamento não fiquemos sós.
Que agora e para sempre
O vírus se vá embora de toda a gente.
Amém.